Como a Frota Solidária reforçou a capacidade das IPSS no combate à pandemia

Centro Sagrada Família (Algés), Espaço T (Porto) e Aisgra (Grândola), três das IPPS contempladas, em 2019, pelo projeto Frota Solidária, contam como a carrinha adaptada oferecida pela Fundação Montepio melhorou o seu dia a dia e a vida dos utentes em tempos pandémicos.
Artigo atualizado a 14-12-2020

Dois mil e vinte não foi um ano normal na vida das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) portuguesas. Mas para as instituições que foram apoiadas, em 2019, pelo projeto Frota Solidária, da Fundação Montepio, as atividades do dia a dia ficaram um pouco mais fáceis. O Ei falou com três das 25 instituições que, em 2019, receberam uma viatura adaptada através desta iniciativa e percebeu que, sem este apoio “sob rodas”, o combate à pandemia seria ainda mais difícil.

Recorde-se que a Frota Solidária é um projeto da Fundação Montepio que promove, através dos montantes recebidos pela consignação fiscal dos contribuintes, a aquisição, transformação e decoração de viaturas adaptadas a cidadãos com mobilidade reduzida.

“Temos feito coisas que, de outra forma, não conseguíamos”

“O que fazemos e o alcance que conseguimos com esta viatura constitui uma grande diferença em relação ao que tínhamos. Sem sobra de dúvidas”, garante Amélia Borges, da instituição Dominicanas Irlandesas – Centro Sagrada Família, situada em Algés, distrito de Lisboa, e uma das contempladas, em 2019, pela Frota Solidária. “Temos uma autonomia e capacidade de resposta completamente diferentes, uma vez que possuíamos um carro pequeno, que não dava para as situações de emergência diárias”, continuou a responsável.

Para esta IPSS, a carrinha atribuída pelo projeto Frota Solidária contribuiu decisivamente na manutenção de várias atividades num período fortemente condicionado pela Covid-19.

“Podemos ir buscar e entregar produtos, seja do Banco Alimentar, seja às grandes superfícies que nos fazem doações”, revela. Mas como o coração das instituição são as pessoas, é para elas que a nova viatura faz realmente a diferença. “Apesar da Covid-19, a viatura deu-nos uma autonomia muito grande para transportar pessoas”, garante a responsável.

“Temos feito coisas que de outra forma não conseguíamos fazer”, assegura Amélia Borges, salientando que o veículo ajudou a IPSS a deslocar-se um pouco por todo o país. O objetivo é complementar o “sistema de assistencialismo só alimentar” com “outras áreas de competências”, remata.

Finalmente, a viatura oferecida pela Fundação Montepio possibilitou a realização dos “vários fretes de serviço e de entrega de refeições” que a instituição realiza regularmente. Um bálsamo de normalidade em plena pandemia.

 

“Esta carrinha tornou a vida das pessoas muito mais feliz”

No Porto, o Espaço T – Associação para Apoio à Integração Social e Comunitária viu a sua vida mais facilitada com o apoio da Frota Solidária. Jorge Oliveira, responsável da IPSS, explica que era “fundamental” um veículo deste tipo, tendo em conta que a instituição tem vários espaços físicos e projetos em muitos territórios.

“Já tínhamos uma carrinha, com cerca de 15 anos. Com as duas melhoramos a qualidade do nosso trabalho, porque temos muitos projetos de terreno, trabalhamos em bairros sociais, temos uma escola de râguebi no [bairro do] Cerco que tem torneios ao fim de semana”, explica o responsável, que garante que, agora, não há nenhuma atividade que fique para trás.

Jorge Oliveira diz mesmo que “não houve nenhum dia do ano, com exceção dos domingos, em que a carrinha não funcionou”. “O veículo tornou a vida das pessoas muito mais feliz”, garante.

Com o evoluir da pandemia, a importância deste veículo acentuou-se. “Não fechámos as atividades, trabalhámos em pleno e isso exigiu mais reforços a todos os níveis”, destaca o responsável, referindo que, como o Espaço T passou a contar com duas carrinhas, conseguiu manter o nível de serviço que tinha antes da Covid-19.

“Uma carrinha normalmente transporta oito pessoas, mas passou a transportar quatro. Mas como tínhamos duas, foi possível continuar com o trabalho”, explica. A ausência de limitações durante a pandemia não foi a única boa notícia para o Espaço T. Ao contrário do que acontecia anteriormente, a instituição deixou de alugar autocarros ou carrinhas para transportar os utentes. “Conseguimos reduzir os custos”, garante o responsável, que avança ainda que a nova viatura transporta, diariamente, cerca de doze pessoas.

 

Veículo “alterou o dia-a-dia de forma muito positiva”

Para a Associação de Intervenção Social de Grândola (Aisgra), a pandemia trouxe muitas perturbações que teriam sido ainda piores sem a carrinha que receberam no âmbito do projeto Frota Solidária. “A carrinha ajuda bastante e veio colmatar uma lacuna que tínhamos com a dificuldade de transporte”, garante Francisco Costa, responsável da instituição. Até então, continua, a IPSS operava com carrinhas pequenas. “O projeto Frota Solidária alterou o nosso dia a dia de forma muito positiva”, refere.

Antes da pandemia, a carrinha transportava, por dia, 20 pessoas para o centro de dia. Nos casos em que era necessário transportar utentes que necessitam da cadeira de rodas para se locomover, a carrinha transformou-se no apoio ideal. Desde março, e com o fecho do centro de dia, a Aisgra socorre-se da viatura solidária para as idas regulares ao Banco Alimentar.

Sabia que…

A edição de 2020 da Frota Solidária irá atribuir, no próximo dia 15 de dezembro, a 15 IPSS de todo o país, outras tantas viaturas adaptadas aos cidadãos com mobilidade condicionada, devolvendo à sociedade civil 128 268,86 provenientes da consignação fiscal recebida pela Fundação Montepio em 2019. Desde 2008, a Fundação Montepio, através deste projeto, já apoiou 238 IPSS portuguesas, num total de 4,3 milhões de euros.

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