Frota Solidária: Há 10 anos a combater o isolamento

Tomás Correia entregou, em mãos, as chaves de 21 viaturas atribuídas a instituições de solidariedade, através do projeto Frota Solidária.
Artigo atualizado a 06-07-2018

A cerimónia de entrega da Frota Solidária marcou a concretização de mais uma edição deste projeto da Fundação Montepio: 21 Instituições Particulares de Solidariedade Social, de Norte a Sul do País, receberam uma nova viatura, adaptada às suas necessidades, e que ajudará centenas de cidadãos com mobilidade reduzida.

Antes de entregar as chaves das viaturas aos seus novos proprietários, António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio e do Grupo Montepio, lembrou as desigualdades que ainda existem em Portugal. “E se tivéssemos dúvidas em relação a isso, a tragédia dos incêndios do ano passado mostrou-nos como o nosso país é francamente desigual. Há um problema de coesão territorial que temos que enfrentar. Esse problema não se vence exclusivamente recuperando o território ardido. Vence-se ao conseguirmos colocar economia nos territórios mais desfavorecidos, que é mais de metade do território nacional”.

“Ninguém fica para trás”

O presidente agradeceu, ainda, o papel das instituições de solidariedade no combate à exclusão. “Se estes acontecimentos (os incêndios de 2017) não se traduzem em problemas sociais gravíssimos, deve-se às instituições da economia social, misericórdias, IPSS e mutualidades, que no terreno desenvolvem um trabalho notável a favor daqueles que mais precisam: das pessoas com deficiência, dos jovens e sobretudo dos mais idosos. Estas instituições são absolutamente essenciais para que a vida de muitas pessoas, que vivem em situação de exclusão, seja menos complicada”, prosseguiu o líder da Associação Mutualista.

Miguel Gaspar, vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro da mobilidade e segurança, também esteve presente na cerimónia. O responsável sublinhou o papel das instituições de solidariedade face a duas características incontornáveis da sociedade atual: a desertificação do interior e envelhecimento da população.

“Temos cada vez mais pessoas isoladas no interior, que precisam de apoio domiciliário e onde os meios do costume falham. É cada vez mais difícil garantir que existe um autocarro que traz alguém para o centro da aldeia. Essas pessoas ficam isoladas e sem acesso à saúde. As instituições são o garante quando o resto falha. Chegam às pessoas e dão-lhes o apoio que elas precisam, quer na saúde, quer no acompanhamento, quer no apoio psicológico.” Para o vereador, estas viaturas são um elemento fundamental para garantir que conseguem prestar esta ajuda. “São um meio de garantir que ninguém fica para trás”, concluiu Miguel Gaspar.

Seguiu-se a entrega das chaves aos representantes das IPSS que, um a um, subiram ao palco para as receber e, de seguida, tiveram a oportunidade de, pela primeira vez, entrar nas viaturas que lhes foram atribuídas, acompanhados por António Tomás Correia e Carlos Beato, administrador da AMM. Entre agradecimentos, animação, conversas, gargalhadas e inúmeras selfies, fica uma certeza: Para o ano há mais!

10 anos e mais de 200 viaturas depois…

Desde 2008, ano em que o projeto arrancou, a Frota Solidária distribuiu 203 viaturas por outras tantas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). É através da Frota Solidária que a Fundação Montepio devolve à sociedade os montantes que os contribuintes lhe atribuem, todos os anos, através da consignação fiscal.

“No primeiro ano entregámos 10 viaturas, este ano entregámos 21”, contou António Tomás Correia durante o evento. “Quando começámos o projeto, pensávamos que teria interesse para as instituições, mas nunca imaginámos que tivesse uma longevidade tão grande. Estamos convencidos que vai continuar, porque é absolutamente necessário”. O presidente da Associação Mutualista deixou também uma palavra de agradecimento aos parceiros que, ano após ano, contribuem para tornar este projeto viável. É o caso da Renault Portugal, que permite a compra das viaturas em condições especiais, da Auto-Ribeiro, que contribui com cadeiras de rodas e cadeiras de transporte de crianças, e da Lusitania – Companhia de Seguros, do Grupo Montepio, que oferece a primeira anuidade do seguro automóvel.

Três testemunhos

Conceição Cunha

Diretora Técnica, da Rumo, Centro de Reabilitação de Ponte de Lima da APPACDM de Viana do Castelo

“Esta é uma mais-valia enorme, que contribuirá para melhorar a qualidade de vida das pessoas. São pessoas que precisam e acima de tudo merecem a nossa atenção. Ao permitir uma melhor mobilidade vai melhorar as condições de trabalho e de vida. É um contributo enorme da Fundação para estas pessoas”.

Paulo Rafael

Diretor executivo do Centro Social e Paroquial de Cedofeita

“Isto é muito relevante porque coincide com a reabertura da igreja, que sofreu um incendio há um ano atrás. E representa um crescimento na própria instituição. O único veiculo da instituição pertence à fábrica da igreja, um carro bastante pequeno e já com 20 anos, impossível de transportar idosos com problemas de mobilidade e crianças. Isto vai representar uma melhoria enorme na capacidade da instituição se mover e transportar idosos e crianças para as atividades”.

Duarte Gois

Presidente da direção da Casa dos Rapazes

“No dia a dia temos que transportar os rapazes. Temos que levá-los à escola e às atividades. Esta carrinha de nove lugares não podia ter chegado em melhor altura: Tínhamos duas carrinhas, mas uma delas avariou-se há cerca de dois meses e estávamos com sérias dificuldades para fazermos estas atividades”.

 

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