Portugal Economia Social 2018: Saiba como foi

A 3.ª edição da feira Portugal Economia Social chegou ao fim. Não teve oportunidade de participar neste encontro de empreendedorismo e inovação social? O Ei conta-lhe o que de mais relevante aconteceu no certame.

Ao longo de dois dias (23 e 24 de maio) o Centro de Congressos de Lisboa acolheu a feira Portugal Economia Social, um evento que serviu de montra para o setor, dando a conhecer os mais recentes desenvolvimentos nesta área. Como um dos players nacionais da economia social e apoiante da iniciativa, a Associação Mutualista Montepio teve uma forte presença, com um espaço próprio, confirmando o papel que desempenha no setor solidário nacional.

A sessão de abertura da Portugal Economia Social foi partilhada por Jorge Rosa de Matos, presidente da Fundação AIP, responsável pela organização da feira, e por António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, tendo ainda contado com a presença de Maria Manuel Marques, ministra da Presidência e Modernização Administrativa.

“A Fundação AIP está fortemente empenhada em continuar a investir na economia social”

“A iniciativa Portugal Economia Social é reveladora da importância que a Fundação AIP dá à nossa responsabilidade social como cidadãos e como organizações ”, começou por dizer Jorge Rosa de Matos, garantindo que “a Fundação AIP, bem como os seus parceiros, está fortemente empenhada em continuar a investir no sector da economia social, como um dos pilares da economia e também uma área importante capaz de corrigir assimetrias entre o litoral e o interior, fazendo de Portugal um país mais inclusivo e simultaneamente mais competitivo”.

Aproveitando a presença da ministra da Presidência e Modernização Administrativa, o comendador lançou um desafio ao Governo: “estude-se a possibilidade de criação de um fundo de financiamento público da economia social e dos seus projetos, através da consignação das verbas provenientes do IRS dos portugueses que não consignam, em sede de IRS, eles próprios, a instituição que querem apoiar”.

“Um país com mais economia social, será mais cidadão”

Depois do discurso do presidente da AIP foi a vez de António Tomás Correia tomar a palavra e partilhar a sua visão para o futuro da economia social, de modo a torná-la mais forte e representativa na economia portuguesa, pois “um país com mais economia social, será mais cidadão e mais preparado para vencer os desafios do futuro”. Segundo o presidente da Associação Mutualista Montepio, a estratégia passa por um caminho comum entre todos os intervenientes do setor. E, nesse sentido, apelou à criação de um programa para o conjunto de todas as instituições da economia social.

Na sua intervenção, a ministra da Presidência e Modernização Administrativa falou sobre a importância da inovação social para “encontrar novas respostas para problemas sociais que, pela sua dimensão atual ou pela sua novidade em si mesma, como o envelhecimento, a integração social de migrantes e a inclusão digital, as respostas tradicionais já não são suficientes”, desafiando as organizações presentes a candidatarem-se à linha de financiamento “Capacitação para o Investimento Social” da Portugal Inovação Social, para adquirem novas competências. “Este instrumento é, sem dúvida, um dos mais importantes de que dispomos e um daqueles que tem atraído mais candidatos”.

Na feira Portugal Economia Social, as conferências são também um dos momentos altos. Este ano, foram focadas em temas como financiamento, inovação social, títulos de impacto social, benefícios fiscais para investidores sociais, capacitação, desenvolvimento sustentável e comunicação.

Financiamento e inovação social

No debate “Financiamento e inovação social”, Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social explicou como funcionam os Títulos de Impacto Social (TIS), uma linha de financiamento que se destina a apoiar projetos inovadores que respondam a problemas sociais prioritários cuja resolução, habitualmente, é da competência da política pública, numa lógica de pagamento por resultados. Se os resultados forem alcançados o investidor social é reembolsado integralmente das despesas. Mas há mais vantagens. O responsável explicou que, em sede Orçamento do Estado para 2018, “o Governo criou um novo benefício fiscal para as empresas que invistam em TIS. Assim, a partir deste ano, os investimentos em TIS podem ser reconhecidos como gastos a 130%, ou seja, com uma majoração de 30%, para efeitos de apuramento do resultado da empresa, independentemente do reembolso, o que torna este incentivo muito atraente”.

Desta discussão participou ainda Francisco Palmares, da Fundação Calouste Gulbenkian, na qualidade de investidor em TIS. O responsável considerou que “os TIS são um excelente mecanismo para testar intervenções inovadoras para resolver problemas sociais cada vez mais complexos. Para nós é interessante, porque permite que exista um foco nos resultados de todos os stakeholders envolvidos”. Também Afonso Arnaldo, da Deloitte, Mariana Mira Delgado, da MDV, e Inês Carmo, da TESE, falaram da sua experiência positiva com os TIS.

Laboratório de capacitação

Outro painel de destaque na feira foi o “Laboratório de Capacitação”, organizado pela Fundação Montepio. Numa conversa informal, liderada por Paula Guimarães, diretora do Gabinete de Responsabilidade do Montepio, seis consultoras parceiras (APQ, TurAround, Comunicatorium, 4Change, Call To Action e TESE) falaram dos seus projetos de capacitação, ao mesmo tempo que outras seis instituições abrangidas por esses projetos de capacitação partilharam as mais-valias que obtiveram com essa qualificação. Os palestrantes debateram ainda os grandes desafios da capacitação na economia social, tendo apontado a comunicação e a liderança das organizações como uma das maiores fragilidades.

Objetivos de desenvolvimento sustentável

Quem assistiu ao debate “Objetivos de desenvolvimento sustentável” pôde ficar a conhecer alguns exemplos de boas práticas de cooperação entre empresas, municípios e organizações sociais. Um dos testemunhos mais inspiradores foi o de Graça Rebocho, da Fundação PT. Na sua apresentação, a responsável falou sobre os principais projetos da Fundação na área da educação e as parcerias envolvidas. Um deles foi o projeto “Comunicar em segurança”. “O objetivo é alertar a comunidade educativa, alunos, pais, professores, para o uso correto e seguro das tecnologias de informação. E como é que fazemos? Vamos às escolas com voluntários da Altice e desenvolvemos estas iniciativas em sala de aula. Neste momento já atingimos mais de 800 mil alunos, com cerca de 30 mil sessões e 3 mil escolas. Nós não temos voluntários para ir a todos as zonas do país e é aqui que entra a importância da primeira parceria, com a PSP. Nós damos formação aos agentes da PSP e são ele que, no âmbito do seu programa Escola Segura, vão às escolas e desenvolvem esta iniciativa. Por outro lado, temos também uma peça de teatro que levamos a todas as zonas do país, com três atores conhecidos, que passa uma mensagem de cyberbullying às crianças”.

Viver a diferença

Tal como nas edições anteriores, este ano também houve novidades na Portugal Economia Social, com destaque para o espaço “Viver a diferença”. O objetivo foi o de proporcionar a quem não tem qualquer limitação funcional como é viver com esse problema. Desta forma, os participantes puderam, por exemplo, andar numa cadeira de rodas e fazer um pequeno circuito, que incluía uma ida à casa de banho; utilizar uns óculos que simulavam diversas limitações visuais e duas bengalas; e interagir com uma pessoa surda.

O evento contou ainda com uma iniciativa motivadora e dinâmica: o Social Innovation Skaher. Trata-se de um concurso que premeia o que de melhor se faz na inovação social em Portugal. Na feira, os finalistas desta competição apresentaram os seus projetos, em formato pitch, perante um júri composto por investidores internacionais. E assim chegou ao fim a 3.ª edição da Portugal Economia Social.

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