O que dizem as organizações? 13 Recomendações para melhorar o impacto social

O impacto social e as políticas públicas estiveram em destaque na quarta edição do Fórum Impacto Social, que se realizou no dia 11 de dezembro no auditório do Fórum Picoas, em Lisboa.
Artigo atualizado a 17-06-2021

Filipe Almeida, do Portugal Inovação Social, Paula Guimarães, da Fundação Montepio, Vítor Simões, da 4Change, António Silva, Senior Advisor na Behavioural Insights Team, Catarina Marcelino, deputada e ex-secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade e Domingos Lopes, do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (PO ISE), foram alguns dos convidados que deram o seu contributo ao debate e às organizações sociais que participaram no projeto de capacitação intensiva (Isprototipagem) da Comunidade Impacto Social.

Ao longo do dia decorreram vários workshops sobre medição de impacto, envolvimento de stakeholders e comunicação de evidências. Destes grupos de trabalho nasceram algumas recomendações, cujo objetivo é facilitar o trabalho das organizações e trazer o Estado para esta comunidade de impacto social. Conheça 13 destas recomendações.

  1. Criar uma plataforma web, do terceiro setor, para integração partilhada dos projetos sociais e dos seus impactos. Para partilhar a inovação com o Estado e financiadores. E para partilhar boas práticas, comunicação de evidências e prestação de contas.
  2. Criar um grupo onde estejam representados os agentes que, direta ou indiretamente, se relacionem com o problema. Que proponham as respetivas soluções aos poderes públicos.
  3. Realizar um diagnóstico participativo (com um grupo representativo de stakeholders constituído por entidades públicas e privadas) antes da implementação de uma política pública, que tenha impacto na qualidade de vida das pessoas.
  4. Criar uma comissão representativa de stakeholders que avalia as medidas públicas aprovadas e que permita a formulação de propostas de melhoria.
  5. Dar formação ao poder local sobre impacto social, para que todos falem a mesma língua.
  6. Criar núcleos locais (externos e imparciais) independentes, que coordenem redes locais, abrangendo autarquias, escolas, IPSS e empresas, para articular, monitorizar e medir os projetos de impacto social.
  7. Criar um referencial, com unidades de medida, que meçam o impacto na realidade portuguesa, tendo em conta as necessidades regionais.
  8. Criar mecanismos de monitorização sistemática de indicadores, uniformizados por áreas de intervenção, e adaptadas a diferentes realidades.
  9. Criar legislação que garanta a continuidade dos projetos por um período de tempo definido e que não termine apenas porque os critérios foram alterados.
  10. Criar legislação que resulte no envolvimento da comunidade local, na contratação de pessoas para cargos cívicos (IEFP e Segurança Social, por exemplo). Pessoas do interesse comum e que não mudem quando muda o governo.
  11. Criar uma equipa de consultoria para os serviços públicos, destinada à implementação de modelos de avaliação de impacto.
  12. Criar uma linha de financiamento público para apoiar a formação das organizações.
  13. Criar um projeto de premiação para organizações que tenham sistema de monitorização e avaliação de impacto.

“Vamos fazer chegar estas recomendações ao setor público”

Na reta final do evento, Paula Guimarães, da Fundação Montepio (na foto), agradeceu a generosidade das organizações presentes por partilharem as conclusões da avaliação de impacto social. “É sinal de maturidade e de respeito pelos seus stakeholders. Para a Fundação Montepio, a avaliação de impacto é crucial porque desenvolve a humildade das organizações, põe em perspetiva o que fazem todos os dias e estimula a ousadia de alterarem as suas metodologias, para responderem melhor às necessidades de quem precisa. É uma aposta ganha”.

A responsável sublinhou que o objetivo conferência era que o anfiteatro estivesse cheio de representantes do setor público. “Tal não aconteceu. Não estiveram cá, mas vão receber estas recomendações. Vão saber o que pensámos, o que desejamos e o que precisamos para que estas questões mudem”. Paula Guimarães apelou ainda à necessidade de haver uma congregação de políticas de pensamentos e visões entre todos os financiadores, públicos e privados. “Não podem ser os investidores privados a puxar a máquina da inovação. Se o poder público não corresponder a este desígnio, nós sozinhos não conseguimos fazer estas mudanças”.

Este evento foi o culminar de um processo de seleção e capacitação de organizações com missão social, no âmbito da Comunidade Impacto Social, uma iniciativa promovida pela Fundação Montepio, CASES e 4Change. Em 2017, juntou-se a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

 

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