Maio 23, 2017

Inovação na saúde e transformação digital: novas fronteiras mutualistas

Vários líderes de mutualidades europeias reuniram-se em Paris para debater a relevância do movimento mutualista na atualidade, a inovação no setor da saúde e bem-estar e os desafios do digital.
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Como podem as mutualidades manter a sua capacidade de inovação social e proximidade aos seus associados, quais os seus desafios no mundo digital e de que forma o movimento mutualista se pode tornar num grande player na regulação dos seguros de saúde. Estes foram os três grandes temas debatidos a 17 de maio, em Paris, no 18º Simpósio Profissional do IPSE (Instituto de Proteção Social Europeu).

O evento reuniu diretores, líderes de mutualidades, académicos e especialistas que, em duas sessões de trabalho, procuraram encontrar novos caminhos para a família mutualista.

Durante a primeira sessão, o debate centrou-se na capacidade das mutualidades em manter a sua capacidade de inovação social e de proximidade com os seus membros e associados. Christian Germain, CEO da CMMO Mutuelle, e Olivier Benhamou, presidente da Via Santé Mutuelle, demonstraram, em duas abordagem diferentes, a capacidade que as respetivas organizações têm de se adaptar a duas realidades mútuas diferentes. Ambos concordaram que, ainda que existam mudanças significativas em termos de governação nestas duas entidades, o seu DNA mutualista não se alterou.

Na conclusão desta primeira sessão, Alain Coheur, diretor de assuntos europeus da mutualista belga Solidaris, convidou as autoridades e os líderes mutualistas a apresentarem uma “visão global das questões contemporâneas”. Esta reputada figura do movimento mutualista internacional, acrescente-se, tem defendido parcerias à escala europeia para uma melhor compreensão da ligação entre o crescimento das doenças crónicas e a degradação ambiental.

Saúde e digital: os temas do momento

Na segunda sessão do simpósio, o mote esteve no setor da saúde e na forma como as mutualidades se podem tornar grandes players na regulação dos seguros de saúde. Segundo Michel Dreyfus, historiador de referência do movimento mutualista, o passado mostra-nos que existe uma complementaridade entre um movimento social e uma instituição sob controlo do Estado. Pegando nestas palavras, Albert Lautman, diretor da Fédération Nationale de la Mutualité Française, destacou as capacidades inovadoras das mutualidades nos seguros de saúde, cuidados de saúde complementares e noutros negócios ligados à economia social.

Na mesma sessão, Stéphane Junique, presidente da Harmony Mutuelle, apresentou os desafios da estratégia digital do grupo. O responsável defendeu que os laços digitais devem ser socialmente úteis e que uma mutualidade só se torna relevante se estiver adaptada ao seu tempo. Assim, as ferramentas digitais estão completamente associadas à vida democrática das mutualidades porque, de acordo com Junique, “o compromisso mútuo não é antiquado nem ultrapassado”.

Na conclusão dos trabalhos, Jérôme Saddier, diretor-geral da Mutuelle National Territoriale e presidente da Avise, convidou as mutualidades a não serem “nem ingénuas nem passivas” no novo contexto político. Convidou, também, os responsáveis do movimento mutualista a tornarem-se “empresários da proteção social e do bem-estar”.