A memória que não vem nos livros

A memória que não vem nos livros

Um século e meio separa o conhecimento que Manuel Sobrinho Simões recolheu dos seus bisavós e avós, companhias regulares no Porto, em Arouca e no Bombarral, das histórias que conta aos seus netos nos dias que correm. Através delas, a nova geração aproveita para saber mais sobre a sua família, o mundo que os rodeia e a vida em geral. O médico e professor português, Prémio Pessoa 2002 e um dos mais conceituados patologistas do mundo, vai completar 75 anos em setembro e é o elo de ligação entre seis gerações – coisa rara de encontrar numa época em que longevidade não é necessariamente sinónimo de maior convivência familiar.

A memória, e a sua partilha, é o tema central da 4ª edição da Revista Montepio. Se Sobrinho Simões gosta de explicar “praticamente tudo, menos animais”, avisam as netas Luísa e Joana, a escritora Alice Vieira partilha com o neto “emprestado”, nos seus textos e artigos de opinião, histórias de um Portugal e de uma Lisboa já esquecidos. Nestes retratos contados entra também a chef Justa Nobre, que procura ligar os cheiros e sabores dos seus antepassados transmontanos aos netos nascidos em Lisboa. Em contrapartida, recebe de Mónica, a neta mais velha, as dicas para se reinventar, gastronomicamente, aos 65 anos.

Como lhe contamos no início do tema de fundo desta edição, muitos avós e netos partilham um princípio, o da incerteza, que descodifica o que se aprende com uma geração de intervalo. Mas este princípio também reflete, numa dimensão distinta e mais mundana, a sociedade em que vivemos numa determinada época.

Ter memória e aprender com as suas mudanças e consequências é também o que faz da nossa Instituição única. As crises, guerras e pandemias que vivemos ao longo dos últimos 181 anos, e que se juntaram todas em 2022, são a lebre que nos ajuda a antecipar o futuro em tempos de incerteza.

Devemos a Francisco Álvares Botelho, e ao conjunto de cidadãos que, em 1840, idealizaram o projeto mutualista, esta visão que hoje une mais de 600 mil pessoas na procura de respostas concretas e imediatas às questões que afetam a sua vida: na área da saúde e da habitação, na poupança e na proteção, no apoio ao envelhecimento ativo, entre outros.

Perpetuar esta visão é o nosso trabalho diário. Reduzir a incerteza e estar um passo à frente das mudanças da sociedade são os objetivos que perseguimos. Hoje e sempre.

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