A educação precisa de habitação

A educação precisa de habitação
11 minutos de leitura
Fotografias de Paulo Jorge Magalhães e Rodrigo Cabrita
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tema da habitação tem aquecido os mercados e arrefecido o coração de muitos portugueses. Ter um local para viver tornou-se um pesadelo que invadiu a liberdade de aprender e o acesso a melhores condições de vida, ao dificultar a entrada no ensino superior. Conversámos com sete estudantes que encontraram nas residências Montepio U Live os direitos à habitação, à cidade e a construir o seu futuro.

São vários os relatos que chegam de todo o país sobre as dificuldades no setor da habitação. No início deste ano letivo, a Associação de Estudantes da Universidade de Coimbra falava na forte possibilidade de um “abandono maciço” do ensino superior, motivado pelos preços dos alojamentos. De Lisboa, chegaram testemunhos de jovens a quem foi proposto pagar 300 euros por mês para viver numa despensa. No Porto, os preços escalaram, em muitos casos, para o dobro.

Muitas famílias esticam os orçamentos ou alteram os sonhos em função da subida dos preços das casas. Mudar de curso, de universidade de destino ou de objetivos de vida são realidades cada vez mais ponderadas pelos jovens. “Se não se encarar de frente o problema dos custos da habitação, com mais oferta de soluções para estudantes, poderá dar-se a gentrificação do próprio ensino superior, ou seja, os grandes centros passam a recrutar apenas os estudantes com elevados recursos económicos”, como aponta Maria Manuel Vieira, a coordenadora do Observatório Permanente da Juventude, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Por outras palavras, “temos mentes brilhantes que não vão para universidades melhores por causa da especulação imobiliária”, constata Álvaro Caridade, de 19 anos, Associado Montepio que vive numa das quatro residências Montepio U Live (exclusivas para estudantes) de Lisboa enquanto segue a licenciatura de Engenharia Aeroespacial. A história e a motivação de Álvaro para estudar fora da sua cidade de origem, Braga, são semelhantes às de milhares de estudantes: “Os meus pais sempre me incentivaram a não ficar preso à cidade onde nasci e eu também achei que seria bom para mim ir para fora, ter a minha autonomia.”

Em Lisboa desde 2021, encontrou no edifício da icónica Avenida Almirante Reis a base da sua vida nova. Vai a pé para o Instituto Superior Técnico, tem os serviços necessários à porta (como supermercados ou cafés) e, apesar de ter incluído no dia a dia tarefas como lavar a roupa e a louça ou cozinhar, a limpeza geral do espaço ou a responsabilidade de pagar as contas da eletricidade, água e internet são garantidas pela Montepio U Live, empresa do Grupo Montepio.

“O curso é exigente e temos tanta novidade e tantas coisas na cabeça, que o facto de haver alguém que faz estas coisas por nós ajuda muito. Liberta-nos”, analisa o futuro engenheiro. “Comparando com amigos meus que vivem em apartamentos, o sítio onde estou é sempre o mais limpo e arrumado.” Por outro lado, muitos dos amigos de Álvaro tiveram de se afastar do centro da cidade para encontrar alojamento, o que torna as deslocações mais longas e as rotinas de vida mais complexas.

Longe de Braga e dos mimos de casa, em pouco mais de um ano, Álvaro aprendeu a cozinhar e a tratar da roupa, adaptando-se ao mesmo tempo a novas regras de grupo e ao ritmo de uma cidade maior. Além disso, está a aprender a lidar com um orçamento mensal. “Sempre soube que vir para Lisboa implicaria saber gerir o meu dinheiro. Os meus pais fizeram uma poupança no Montepio quando nasci e tem sido esse dinheiro que agora uso mensalmente. Se não fosse isso, também não sei como faria”, desabafa o estudante.

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Escassez de oferta e preços elevados

Os preços médios mensais de um quarto nas residências para estudantes da Montepio U Live são de 400 euros em Lisboa e no Porto, de 300 euros em Braga e de 200 euros em Évora (com 10% de desconto para os associados Montepio). Ao mesmo tempo, não há atualizações inesperadas, como acontece muitas vezes no mercado livre do arrendamento.

Nas localizações em que se encontram as residências de Lisboa ou do Porto (as zonas centrais de Santos, Alameda e Boavista), a oferta é escassa e os preços elevados. Numa pesquisa rápida no site Idealista, especializado no mercado imobiliário, encontram-se apenas dez quartos disponíveis na zona da Boavista, no Porto, com preços entre os 320 e os 575 euros. Alargando a área geográfica, os preços podem atingir os 1 000 euros por quarto. Já em Lisboa, na zona da Alameda, os preços vão desde os 390 aos 850 euros. Não olhando a condições de habitabilidade e sem contar com as despesas de energia, água e comunicações ou com o serviço de limpeza.

Sobre o alojamento em Lisboa, Beatriz Costa, futura médica, comenta: “Nunca encontrei nada tão bom quanto aqui, em termos de qualidade/preço.” (foto: Rodrigo Cabrita)

A crise na habitação está a afetar de tal forma as aspirações ao ensino superior que o Governo viu-se obrigado a agir. Embora em 2022 se tenha atingido novamente um máximo de alunos matriculados neste nível de ensino (mais de 430 mil estudantes, segundo o Pordata), em outubro, o executivo anunciou que alargaria o apoio ao alojamento a estudantes deslocados sem direito a bolsa, mas com baixos rendimentos. Os apoios mensais situam-se entre os 221 euros e os 288 euros (dependendo do concelho em que se situa a instituição de ensino superior) e deverão abranger perto de 15 mil estudantes, o que significa que muitos outros, nomeadamente da “classe média”, viverão sem apoios e perante as dificuldades do mercado. Beatriz Costa, estudante de Medicina que está há cinco anos numa residência Montepio em Lisboa, no entanto, tem vivido alheia a esta realidade.

“Acompanho as notícias e sei que os preços estão a aumentar. Aqui na residência, por outro lado, o valor manteve-se sempre igual nestes cinco anos”, explica a Associada Montepio. Mas a segurança não é a única vantagem. “Nunca encontrei nada tão bom quanto aqui, em termos de qualidade/preço. Está sempre tudo limpo, é um espaço moderno, nunca me sinto sozinha, temos sempre alguém disponível para nos ajudar caso avarie alguma coisa… Vivemos como queremos”, remata a estudante.

Apesar das facilidades, para Beatriz, os cinco anos em que trocou o Porto por Lisboa foram “a altura de maior crescimento pessoal”. “Hoje sou uma pessoa muito mais responsável, ao mesmo tempo que me sinto livre nas minhas decisões”, pormenoriza a futura médica, que vê nesta fase da vida um momento de inspiração. “Ser estudante é achar que tudo é possível, que o mundo é nosso. Embora já me imagine muito na profissão, não me importava de ser estudante para sempre”, confessa.

O desejo de estudar não esmorece perante a disciplina extrema de um curso de Medicina, que Beatriz denuncia através de uma espécie de mantra em papel, afixado acima da secretária: “De segunda a sexta: não saio de casa. Sábado: o coração volta a bater.” Também devido a esta exigência, ter silêncio no espaço onde vive é uma prioridade: para estudar e manter o equilíbrio. Aqui, na residência onde vive, por mais que circulem os moradores, os ruídos resumem-se a pequenas conversas de corredor ou ao pão a saltar da torradeira. Nas residências Montepio U Live, o regulamento interno não permite visitas ou o consumo de bebidas alcoólicas, precisamente com o intuito de proporcionar um ambiente “estável, calmo e propício ao estudo”, como caracteriza a Associação Mutualista.

Espaço para pensar

Tal como Beatriz, também Gabriel Afonso, de 19 anos e de Bragança, procura calma. “Sou uma pessoa muito arrumada e não gosto de confusão”, detalha o estudante. Parte desta calma está no trajeto que realiza sempre que se desloca para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. “Da residência, são cinco minutos de bicicleta.” Desde setembro de 2021 a viver nesta Montepio U Live, na zona da Boavista, Gabriel está a seguir o instinto que sempre teve. “Ainda pensei em ir para Medicina, porque venho de Ciências, mas depois percebi que seria um desperdício não aproveitar a minha vertente mais artística”, conta.

Para Gabriel, o Porto é um estímulo constante à sua veia de arquiteto. “Acho que é a cidade mais bonita de Portugal.” No entanto, sabe que viver na Invicta não é uma realidade acessível a todos. “Os meus pais são agentes imobiliários e desde muito cedo procuraram casas para mim. Mas só encontraram um apartamento e a residência. Optámos pela residência, porque tinha mais espaço e mais qualidade. Foi uma sorte. Se não tivéssemos encontrado a residência, talvez tivesse de ter ido para outra cidade. Pelas minhas pesquisas, é bastante claro que, quanto mais alta é a média dos cursos, mais altos são os preços das casas”, reflete o estudante.

Residência nova, com mobília a estrear

Também Tiago Pinto, de 20 anos, sempre pensou em estudar no Porto, apesar da distância curta em relação a Braga, a cidade onde cresceu. “Tenho um irmão mais velho que chegou a fazer o trajeto entre Braga e o Porto todos os dias, mas não me aconselhou. Era muito cansativo”, conta. Quando o irmão de Tiago Pinto foi estudar para o Porto, os preços ainda eram comportáveis para muitas famílias. Mesmo quando Tiago soube que ia entrar no curso de Física, há pouco mais de dois anos, a pesquisa por alojamento devolvia uma oferta variada. Hoje, no entanto, imperam os preços elevados e a escassez. “Quando soubemos da residência Montepio deixei de procurar mais”, conta. “A residência estava nova, tinha mobília a estrear, limpeza todos os dias e não tinha de partilhá-la com demasiada gente”, relata o estudante.

Tiago Pinto vai todos os fins-de-semana à casa dos pais, até porque a distância o permite. Já para Rita Franco, natural da ilha de São Miguel e a viver desde o início do ano letivo na Residência Montepio U Live de Santos, em Lisboa, sobrevoar o oceano torna a viagem um pouco mais complexa, mas isso não a afasta da família. “Os meus pais vêm muitas vezes visitar-me”, conta a estudante do mestrado de Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais. Depois de uma licenciatura em Gestão, nos Açores, aos 22 anos, Rita finalmente cumpriu o sonho de experimentar uma “vida agitada”, como a de Lisboa. Por outro lado, “a licenciatura já não é suficiente”, acredita.

Lisboa surgiu no radar da estudante como a terra das oportunidades, ao mesmo tempo que era o terreno onde se via a estruturar a sua autonomia. “Apesar de os meus pais me darem muita liberdade, eu queria o meu espaço”, diz. Como encontrar alojamento em Lisboa é “complicado”, Rita Franco contactou a Montepio U Live com quase um ano de antecedência. “Vim cá fazer a entrevista, conheci o espaço e pareceu-me tudo muito bem. Eu queria autonomia, mas também precisava de conforto e de silêncio. E aqui consegui tudo isso”, relata a estudante.

O testemunho é corroborado por Catarina Barbosa, de 22 anos, que decidiu trocar Faro por Braga para estudar Ciências Biomédicas. “Queria ter uma experiência nova, conectar-me com outras pessoas, enfim, uma mudança radical”, conta à Revista Montepio. Ao mesmo tempo, procurava uma “experiência tranquila”. “Não estou no início da vida de estudante, com festas e vontade de sair. Estou no último ano do mestrado, trabalho muito e preciso deste ambiente para me poder dedicar ao estudo”, pormenoriza.

“Se não tivéssemos encontrado a residência, talvez tivesse de ter ido para outra cidade”, acredita Gabriel Afonso, estudante no Porto (foto: Paulo Jorge Magalhães)

O “processo duro” do crescimento

Viver numa residência universitária como as do Grupo Montepio pode conferir, ainda, um conforto psicológico extra a quem sai pela primeira vez de casa dos pais, sobretudo porque a equipa da Montepio U Live está diariamente presente nas residências, garantindo o acompanhamento e o apoio que, a cada momento, os estudantes necessitem. “Agora talvez fosse capaz de ir para um apartamento, mas quando me mudei para Lisboa não”, conta Tiago Carvalho, de 23 anos, natural de Vila Nova de Famalicão. Para Tiago, que hoje partilha a residência com Rita Franco, em Santos, “a ideia de ir sozinho para um apartamento era assustadora”. Como fazer os contratos de arrendamento, eletricidade, água ou Internet? Como viver confortável sem uma rede de segurança? Estas eram algumas das questões que o incomodavam e que o fizeram não hesitar quando a residência surgiu como oportunidade.

Este é o quarto ano em que o estudante de Economia na Nova SBE está a viver em Lisboa. Saudades de casa? Algumas. Mas Tiago queria “crescer”, “perceber os limites”, tornar-se “auto-suficiente no dia a dia”. Foi o que fez. “Vi muitos tutoriais para poder cozinhar para outros”, graceja o estudante que já sabe impressionar com pratos como bacalhau à Zé do Pipo ou arroz de marisco.

Em suma, “sair de casa dos pais é um grande projeto para qualquer jovem”, qualifica o Associado Montepio. “É um processo duro e novo, em que nem conseguimos considerar o que realmente pode correr mal.” Mas nada correu. Ficou apenas uma certeza: a de querer mais.

Que condições oferecem as residências Montepio?

Quando o Montepio Associação Mutualista criou a empresa Montepio U Live – Residências para Estudantes, o objetivo era claro: proporcionar aos estudantes universitários alojamento de qualidade, a um preço ajustado, no centro das grandes cidades. Com quatro residências em Lisboa, duas em Évora, uma no Porto e outra em Braga, o propósito mantém-se inabalável e o projeto em expansão. Atualmente, a Instituição disponibiliza cerca de 400 quartos em apartamentos com cozinha equipada, sala de estar e casas de banho partilhadas.

Além de garantirem um ambiente calmo e propício ao estudo, as residências contam com um serviço de limpeza diário e com o acompanhamento e a assistência de um membro da equipa Montepio U Live. Já as mensalidades variam entre os 200 e os 400 euros, consoante a localização da residência e as condições de cada quarto.

Os interessados devem enviar uma candidatura, visitar a residência e realizar uma entrevista com a equipa Montepio U Live. De notar que os associados Montepio beneficiam de 10% de desconto sobre a mensalidade.

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