Dezembro 14, 2017

Pro.Mo.Saúde: a saúde dos associados Montepio à lupa

O Gabinete de Estudos Sociais e Mutualistas desenvolveu um estudo sobre a saúde dos associados Montepio. Estas são algumas das conclusões.
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A saúde dos associados Montepio é o tema do Pro.Mo.Saúde, um estudo que começou a ser desenvolvido em 2015 pelo Gabinete de Estudos Sociais e Mutualistas (GESM) da Associação Mutualista Montepio (AMM) e que desde maio está a ser apresentado junto de vários stakeholders da AMM: associados, colaboradores e comunidade académica e científica.

O Pro.Mo.Saúde é um estudo epidemiológico que visa identificar os problemas de saúde que mais afetam os associados Montepio e procurar relações de causalidade entre determinadas patologias – doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão, ansiedade, obesidade ou distúrbios de sono – e os fatores sociais, culturais e comportamentais que as influenciam. “O estudo tem como finalidade a aplicação dos conhecimentos adquiridos na promoção da saúde e prevenção da doença”, explica Alexandra Amoroso, da GESM, uma das responsáveis pelo estudo.

O estudo, que contou com a participação de 675 associados maiores de 18 anos, incluiu um questionário escrito e um ckeck-up oferecido pela AMM a cada um dos intervenientes. Uma das principais conclusões tem como pano de fundo a elevada prevalência de obesidade e excesso de peso junto dos associados. Assim, a avaliação de referência para o IMC indica que 39,9% dos associados têm excesso de peso e 11,8% sofrem de obesidade. Nas mulheres, a obesidade atinge os 10,2%, enquanto nos homens é de 13,5%. Destaque ainda para dos dados compilados nos Açores, região em que 36% dos associados estudados são obesos.

“Os resultados mais preocupantes estão relacionados com a obesidade”, explica Alexandra Amoroso. “Mais de metade dos associados têm excesso de peso e, destes, quase 12% é obeso. Estes resultados são ainda mais acentuados entre os associados que não têm formação superior e os associados que residem nas regiões autónomas”, continua.

Segundo Alexandra Amoroso, também a percentagem de associados com perturbações de sono surpreendeu os investigadores. Neste caso, porém, destaque para um desfasamento entre a percepção dos associados acerca destes sintomas e os resultados obtidos após aplicação de um questionário científico específico. Assim, e enquanto apenas 21,7% dos associados dizem sofrer de perturbações de sono, o número sobe para os 76,1% após uma avaliação do Índice de Qualidade de Sono – ou Escala de Pittsburgh. “São resultados alarmantes. Mais de 76% dos associados têm uma má qualidade de sono e estes valores são ainda mais preocupantes quando comparados com a auto-avaliação que aqueles associados fazem da sua qualidade de sono: menos de 22% reconhecem que sofrem de perturbações de sono”, esclarece.

Após análise estatística dos dados obtidos, concluiu-se que o fatalismo religioso, a solidão, a idade, o coping religioso negativo e a depressão estão relacionados com as perturbações do sono. Ou seja, quando estes valores aumentam também as perturbações do sono são maiores.

O estudo dá conta ainda de elevadas taxas de depressão e ansiedade, um sintoma, porém, que já era esperado pelos investigadores. “Não menos importante é o facto de a solidão, mensurada através da aplicação da Escala de Solidão da UCLA, usada para medir os níveis de solidão e isolamento social, ser vivenciada por 27% dos associados”, continuou a responsável.

Conheça também as percentagens de colesterol dos associados questionados e analisados no estudo, assim como dados relacionados com a hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Destaque ainda para a compilação de dados sobre o perfil de alimentação dos associados, idas ao médico nos últimos 12 meses e atividade física e outros dados comportamentais.

Apresentação na comunidade científica

Um dos pontos mais importantes do desenvolvimento do estudo é a sua ligação à comunidade académica e científica. O questionário foi elaborado pelo GESM em colaboração com o CAPP (Centro de Administração e Política Públicas) do ISCSP (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas) e incluiu perguntas inspiradas em questionários científicos internacionais da área da saúde, aplicadas à realidade portuguesa. Todo o restante trabalho foi desenvolvido pela equipa da GESM. “O Pro.Mo.Saúde pretendeu contribuir para a prossecução dos fins da AMM, nomeadamente a prevenção da doença e a promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida”, assegura Alexandra Amoroso.

Nos últimos meses, os resultados do estudo têm vindo a ser divulgados em vários eventos: Congresso Português de Obesidade e Congresso Europeu de Obesidade, Conferência Internacional sobre Obesidade Infantil, Congresso Internacional d’ASPESM e Congresso Nacional de Obesidade. De 25 a 27 de janeiro de 2018, algumas das conclusões do estudo estarão em análise no Congresso Nacional de Psiquiatria, que irá decorrer em Vilamoura.

Segundo Alexandra Amoroso, este foi o primeiro estudo desenvolvido pelo GESM e dedicado inteiramente à saúde dos associados Montepio. Outros dois estudos estão em fase de preparação: um Pro.mo.Saúde exclusivamente dedicado à obesidade infantil, um estudo dividido por três faixas etárias – bebé, criança e adolescente – através do qual foram recolhidos dados de mais de 800 associados menores e respetivos pais. “Estamos a elaborar os relatórios relativos a este estudo”, garante a responsável.

O GESM está ainda a ultimar um estudo qualitativo junto de associados Montepio maiores de 65 anos. “Queremos identificar as suas principais preocupações, perspetivas para o futuro, lacunas que sentem na sua vida. E compreender de que modo as relações intergeracionais afetam a sua vida”, conclui Alexandra Amoroso.