Brexit: 6 consequências para a sua vida

Com o aproximar da data do "divórcio" entre o Reino Unido e a União Europeia, crescem as incertezas e os receios por parte de quem, de alguma forma, tem relações com o país de Sua Majestade. Saiba o que vai mudar (para pior e melhor) com o Brexit.
Artigo atualizado a 24-02-2020

O Reino Unido e a União Europeia têm um “desencontro” marcado para o dia 29 de março de 2019. Com as negociações ainda a decorrer, o Brexit parece inevitável. Especialistas, governos e cidadãos já fazem as contas às consequências.

O que vai mudar depois do Brexit

1. Turismo

O turismo será uma das áreas mais impactadas pelo Brexit. Há riscos, mas também oportunidades. Visitar o Reino Unido pode mesmo ficar mais barato, caso a libra continue a desvalorizar (o que tem vindo a acontecer desde 2016). Um cenário que muitos analistas dizem ser altamente provável. Hotéis, restaurantes e mesmo as viagens de avião ficariam, neste cenário, mais baratos.

Há um reverso da medalha. Um estudo encomendado pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal) admite que os dois milhões de turistas britânicos que viajaram para Portugal em 2016 representaram 21% e 28% do total de hóspedes e dormidas, respetivamente. O elevado poder de compra destes viajantes tem sido muito importante para a economia nacional. Mas a redução das viagens de turismo dos britânicos para Portugal parece inevitável. Os operadores de turismo daquele país, aliás, já deram conta de algum impasse na marcação de viagens, uma vez que os ingleses aguardam os impactos do Brexit na libra.

2. Roaming

Desde 2017 que, com o fim das taxas de roaming, os preços das comunicações móveis na União Europeia são iguais aos cobrados nos países de origem de quem viaja. Mas a situação vai mudar depois de 31 de dezembro de 2020, data prevista para terminar o período de transição do Brexit. A não ser que haja alguma alteração nos próximos dois anos, os ingleses que visitem a União Europeia voltam a pagar roaming, bem como os cidadãos comunitários que se desloquem a Inglaterra. A decisão final, caso não haja um acordo, é das operadoras de telecomunicações.

3. Bancos

Uma das maiores incógnitas do Brexit é o impacto na área dos serviços financeiros. Com os acordos de manutenção ou saída do Espaço Económico Europeu ainda longe de serem um consenso, muitos bancos já retiraram ativos e operações de Londres.

Caso haja um acordo mais soft, o enquadramento jurídico que existe atualmente na Europa permite a manutenção do país no SEPA (Área Única de Pagamentos em Euros), um espaço geográfico que facilita o pagamento em euros e em condições idênticas, eliminando as diferenças entre operações domésticas e transfronteiriças. Este esquema já abrange vários países fora da UE, por isso é provável que o Reino Unido se mantenha um membro mesmo que o divórcio seja total. A manutenção no SEPA é importante, por exemplo, para se ter acesso às transferências bancárias imediatas. Operações como depósitos ou levantamento de dinheiro também podem ficar mais caras entre os bancos ingleses e as instituições comunitárias devido a taxas mais elevadas.

4. Importações e exportações

As relações comerciais com o Reino Unido nunca mais serão as mesmas. Segundo o estudo da CIP, entre as áreas portuguesas mais afetadas pelas exportações encontram-se o setor automóvel, produtos informáticos, eletrónicos e óticos e o equipamento elétrico. Este relatório dá conta de uma redução potencial das vendas globais para o Reino Unido entre os 15 e os 26%, dependendo da relação comercial estabelecida entre o país e o bloco europeu.

Paralelamente, os fluxos de investimento estrangeiro direto com origem no Reino Unido podem cair entre 0,5% e 1,9%. As importações também ficam em causa. Um relatório da Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) de 2017 colocava o Reino Unido no 8.º lugar entre os fornecedores de Portugal, com setores como os químicos e automóvel entre os mais importantes. Caso o acordo seja mais radical, deixaria de se aplicar a Pauta Aduaneira Comum da UE às trocas comerciais, o que pode implicar mais taxas e controlos aduaneiros. Os preços terão, assim, tendência a subir e os produtos importados do Reino Unido, como por exemplo o tabaco, podem ficar mais caros.

5. Compras online

O setor das compras online tem crescido muito nos últimos anos em todo o mundo. Portugal está ainda um pouco atrasado. Mas um estudo dos CTT contabiliza em mais de 4 mil milhões de euros o peso das compras através da Internet nas transações feitas pelos portugueses.

Os e-buyers podem ver alguns preços descerem por força da desvalorização da libra, mas os direitos aduaneiros acrescidos de impostos a encomendas vindas das ilhas britânicas nem sempre serão mais favoráveis para os consumidores. Interessa, por isso, analisar o preço final da compra – com a entrega incluída – antes de efetuar a transação.

6. Deslocações

Com o Brexit, as deslocações de e para o Reino Unido tornar-se-ão mais complicadas. A reintrodução de fronteiras implica que os cidadãos passarão mais tempo em deslocações. As transportadoras, de mercadorias e passageiros, podem sofrer impactos negativos à entrada e saída do canal da Mancha.

Segundo a Bloomberg, o governo britânico está em negociações com a Bélgica. O objetivo é facilitar a criação de um corredor marítimo com ferries que transportem camiões para as ilhas britânicas. Mas para as empresas da área da logística esta será uma dor de cabeça acrescida. Isto, numa altura em que os clientes querem produtos cada vez mais baratos e com entregas rápidas.

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