Quanto deve poupar em cada fase da vida?

A resposta a esta pergunta depende de vários fatores, como os rendimentos e as despesas. Mas vamos tentar responder através de um exemplo.
Artigo atualizado a 11-01-2022

É a regra de ouro da gestão das finanças pessoais: desde que começa a trabalhar e a receber salário, deve poupar, pelo menos, entre 10% a 20% dos rendimentos líquidos mensais. Este valor serve muitos propósitos, mas, principalmente, para fazer um fundo de emergência, poupar para a reforma e para concretizar objetivos de curto ou médio prazo, como as férias, ou adquirir bens, como um automóvel.

Para conseguirmos perceber quanto é que uma pessoa deve poupar nas várias fases da vida criámos uma personagem fictícia, a Joana, que vamos acompanhar desde que começou a trabalhar até se reformar. A Joana começou a receber salário aos 22 anos, constituiu família na casa dos 30 e reformou-se aos 67 anos. Quanto conseguiu poupar, juntamente com o marido, ao longo da sua vida profissional? Vamos saber.

Faça as contas a quanto deve poupar

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Dos 22 aos 30 anos – Entre 7 680 e 15 360 euros

É por esta altura que, por regra, as pessoas começam a trabalhar e a receber rendimentos de forma regular. É também nesta fase que devem estabelecer hábitos de poupança e definir qual a percentagem que deve ser alocada para o aforro.

Objetivos da poupança:
  • Fundo de emergência;
  • Poupança para comprar casa.

O exemplo da Joana

Entre os 22 e os 30 anos, Joana recebeu 800 euros líquidos por mês (excluindo subsídios de férias e natal). Se, todos os meses, a Joana conseguisse poupar 10%, chegaria aos 30 anos com 7 680 euros em poupanças. Se conseguisse poupar 20%, este valor aumentaria para 15 360 euros.

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Dos 30 aos 40 anos – Entre 30 000 a 60 000 euros

De uma forma geral, aos 30 anos chegam mais responsabilidades financeiras: um crédito à habitação ou arrendamento, a constituição de família e um aumento das contas para pagar. Esta é também uma fase em que a situação profissional está mais segura e há um aumento dos rendimentos.

Objetivos da poupança:
  • Fundo de emergência;
  • Objetivos a curto prazo;
  • Poupança para os filhos;

O exemplo da Joana

Nesta faixa etária, a Joana casou. O casal comprou uma casa – recorreu ao valor que tinha poupado até então para dar de entrada – e teve dois filhos. Ao todo, Joana e o marido traziam para casa 2 500 euros líquidos de impostos. Ao final de uma década, teriam poupado entre 30 000 a 60 000 euros, consoante conseguissem poupar 10% ou 20% dos seus rendimentos, respetivamente.

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Dos 40 aos 50 anos – Entre 36 000 a 72 000 euros

Esta é, por regra, a faixa etária em que se aufere maior rendimento, mas também aquela em que as despesas são maiores: créditos, contas mensais, seguros ou escolas.

Objetivos da poupança:
  • Reforma;
  • Poupança para os filhos;
  • Fundo de emergência;
  • Objetivos a curto prazo.

O exemplo da Joana

Com os filhos na escola, as despesas do casal aumentaram, assim como os gastos em supermercado, transportes e seguros de saúde. A entrada dos filhos para a universidade também está cada vez mais próxima e é importante que estejam preparados para esse embate financeiro. Nesta altura, o casal recebia 3 000 euros líquidos de impostos. Se, todos os meses, conseguisse poupar 10% dos rendimentos, ao final de 10 anos teria 36 000 euros na sua conta bancária. Se a percentagem de poupança fosse de 20%, este valor aumentaria para 72 000 euros.

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Dos 50 aos 60 anos – Entre 24 000 a 48 000 euros

É momento de desacelerar. Em muitos casos, o pico da carreira profissional já passou, os filhos começam a seguir o seu rumo e as despesas a decrescer, pelo que há espaço para pensar nos planos para a reforma.

Objetivos da poupança:
  • Reforma;
  • Fundo de emergência;
  • Objetivos a curto prazo.

O exemplo da Joana

Chegou a década em que os filhos vão para a faculdade. Se tivermos em consideração que, em média, um estudante universitário gasta 20 000 euros para se licenciar, a ida dos dois filhos para a universidade representa um custo de 40 000 euros. Mas Joana e o marido prepararam-se atempadamente e constituíram uma poupança só com esse objetivo, logo que os filhos nasceram. Ficam, assim, mais descansados para pensar nos planos para a reforma. Esta foi uma fase em que os seus rendimentos decresceram. Juntos, recebiam 2 000 euros líquidos. Se conseguissem poupar 10%, no final da década tinham poupado 24 000 euros. Se conseguissem poupar 20%, teriam amealhado 48 000 euros.

poupar na reforma

Dos 60 aos 67 anos – Entre 16 800 a 33 600 euros

A reforma está cada vez mais perto. Por esta altura, já deve ter uma ideia de quanto receberá de pensão de velhice. Ainda que esse valor possa não ser simpático, porque conseguiu poupar ao longo dos anos, o seu estilo de vida não será muito penalizado.

Objetivos da poupança:
  • Reforma;
  • Fundo de emergência;
  • Objetivos a curto prazo.

O exemplo da Joana

Entre os 60 e os 67 anos, idade em que se reformaram, a Joana e o marido ainda conseguiram poupar dinheiro. O seu principal objetivo era conseguirem manter, na reforma, a qualidade de vida a que estavam habituados e ainda conseguirem dar alguma ajuda aos filhos. Juntos recebiam 2 000 euros líquidos, mas tinham menos despesas com os descendentes. Se conseguissem poupar 10%, no final da década teriam juntado 16 800 euros. Se conseguissem poupar 20%, teriam amealhado 33 600 euros.

Conclusões:

Quanto é que a Joana  e marido conseguiram poupar?

  • Se, entre os 30 e os 67 anos, tivessem poupado 10% dos seus rendimentos, teriam conseguido poupar, ao todo, 106 800 euros. Se tivessem gasto metade desse valor ao longo da vida (lembra-se dos 40 000 euros da universidade dos filhos?), a Joana e o marido tinham, agora, 53 400 euros para gozar na reforma.
  • Mas se o casal conseguisse poupar 20% dos rendimentos, tinham juntado 213 600 euros ao longo da vida. Se já tivessem gasto metade dessas poupanças, tinham agora 106 800 euros para a reforma.
  • A melhor forma de juntar dinheiro sem esforço é através da poupança automática. Basta escolher o montante que pretende poupar e fazer uma transferência para uma solução que permita reforços mensais e que, preferencialmente, pague uma remuneração sobre o montante aplicado. É o caso do Poupança Complementar e do Poupança Complementar Jovem, modalidades mutualistas pensadas para quem quer poupar a longo prazo.
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