CEPAC: O amparo de quem chega a Portugal sem trabalho

Conheça o GAE, um projeto que ajuda imigrantes em situação de exclusão a encontrar emprego, e qual o valor gerado para a sociedade.
Artigo atualizado a 16-06-2021

Qual a missão do CEPAC?

O CEPAC apoia a integração de imigrantes em situação de exclusão social. Ao chegar à IPSS, cada imigrante passa por um diagnóstico e é encaminhado para serviços locais ou internos, onde são apoiados nas suas necessidades. Esta ajuda pode ter a forma de alimentação, vestuário, saúde, apoio jurídico, aulas de alfabetização e língua portuguesa, oficina de costura ou formação.

A dificuldade em encontrar emprego é um dos fatores de maior vulnerabilidade desta população. É aqui que entra o GAE, um projeto coordenado por Irina Chaves, psicóloga organizacional especializada em psicologia comunitária. Aqui os imigrantes podem aprender técnicas de procura ativa de emprego, elaborar currículos, cartas de apresentação e a preparar-se para situações de entrevistas de emprego. A equipa é composta por um técnico de emprego e uma equipa de voluntários e estagiários.

SROI: 6,21 euros

Dos 10 projetos que participaram na edição de 2017 do programa ISprototipagem, o GAE foi o que obteve o SROI mais elevado: 6,21:1. Ou seja, após contabilizados os recursos investidos, valorizadas as mudanças geradas e efetuados os descontos necessários, a organização concluiu que, por cada euro investido, o GAE gera 6,21 euros de valor social.

Com esta avaliação, o GAE pretendeu dar a conhecer a transformação que proporciona a todos os envolvidos no projeto e esclarecer atuais e potenciais financiadores. Os stakeholders identificados foram os beneficiários diretos, os seus familiares e voluntários e estagiários que colaboraram no GAE em 2016. “Podemos ver que com um investimento humilde, conseguimos um impacto social muito elevado. Mesmo num cenário pessimista, o rácio continua elevado”, explicou Irina Chaves, coordenadora do GAE, durante o Fórum Impacto Social 2017. “Estes resultados devem-se à forma como auscultamos os stakeholders, mas também à forma distintiva como apoiamos os imigrantes. Um apoio personalizado e individualizado”, prosseguiu.

Imigrantes, família e voluntários

Segundo explicou a responsável, os principais beneficiários do projeto (imigrantes em situação irregular) são os que mais ganham com o GAE. “No entanto, de uma forma geral, percebemos que o retorno também é grande para as famílias e voluntários e estagiários envolvidos”, afirmou.

Por apoiar imigrantes em situação irregular – que não cumprem os critérios de inclusão -, o GAE não beneficia de linhas de financiamento convencionais, como o IEFP ou o FAMI. “Isto faz com que tenhamos uma resposta mais personalizada, mais distintiva, mas sempre com recurso aos voluntários. Não temos financiamento, não podemos alocar muito investimento financeiro”. Apesar disso, os voluntários (também identificados como stakeholders) também beneficiam com o GAE, pois valorizam as suas competências, conhecimentos técnicos e aumentam a sua empregabilidade.

Irina Chaves destacou ainda o benefício obtido pelos imigrantes em situação regular que, apesar de terem acesso a outros apoios e intervenções, acabam por recorrer aos serviços do GAE. “Isto deve-se ao facto de ser um processo individual e personalizado na procura de emprego”, explicou a psicóloga.

 

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