Construir o Nada Perfeito: conhecer Cruzeiro Seixas no atmosfera m Lisboa

Construir o Nada Perfeito – uma visão que moldou, desde sempre, a vida de Artur Cruzeiro Seixas – dá título à exposição patente no espaço atmosfera m, em Lisboa. A antologia, que pode ser visitada por todos até 6 de setembro, não só presta um tributo ao quase centenário artista como assinala os 70 anos da primeira exposição Os Surrealistas, ocorrida em 1949 no espaço Pathé Baby, perto da Sé de Lisboa. Organizada pelo anti-grupo surrealista português, fundado por Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny, a histórica mostra vinca uma cisão com o movimento surrealista original francês, fundado por André Breton, e inicia uma espécie de revolução cultural, constituindo um marco na modernidade em Portugal.

Artur Cruzeiro Seixas – que, acompanhado por António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio, visitou a exposição a 9 de julho – é um nome incontornável da história da arte portuguesa e tudo o que fez na vida foi sempre de forma apaixonada, numa ode à vida e ao movimento. Começou  a pintar aos 22 anos e hoje, aos 98 anos, continua a trabalhar. A exposição reflete um pouco do seu percurso, mostrando obras do período inicial, seguindo-se a primeira fase do surrealismo, o período África (viveu em Angola de 1952 a 1964) e o pós-África, trabalhos colaborativos com outros artistas e uma importante mostra da obra gráfica que desenvolveu ao longo da sua vida.

Sob a curadoria de Carlos Cabral Nunes, a exposição Construir o Nada Perfeito é uma iniciativa do Colectivo Multimédia Perve (Perve Galeria e Casa da Liberdade – Mário Cesariny) em parceria com a Associação Mutualista Montepio. A exposição está integrada num ciclo de celebração que se estende a três outros núcleos expositivos, as referidas Perve Galeria, Casa da Liberdade – Mário Cesariny e a aPGn2 – A PiGeon too.

Anti-grupo Surrealista Português

Fundado por Artur Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny, o grupo integrava ainda António Maria Lisboa, António Paulo Tomaz, Carlos Calvet, Carlos Eurico da Costa, Fernando Alves dos Santos, Fernando José Francisco, Henrique Risques Pereira, João Artur da Silva, Mário-Henrique Leiria e Pedro Oom.