Trabalhar no estrangeiro e pedir a reforma. Como fazer?

Quais são os direitos de quem esteve a trabalhar no estrangeiro e regressa a Portugal para viver a reforma? É possível acumular uma pensão portuguesa com a de outro país? Esclareça as suas dúvidas neste artigo.
Artigo atualizado a 24-03-2024

Imagine-se um cidadão que trabalhou 20 anos em Portugal e outros 25 em França. Ao aproximar-se a idade da reforma (66 anos e quatro meses, em 2024, em Portugal), começa a fazer as contas para perceber quanto poderá vir a receber. A acumulação das pensões dos dois países está prevista, mas há várias nuances a ter em conta, como o lugar de residência e os anos de descontos. Neste artigo, explicamos o que deve fazer para receber as duas pensões sem contratempos.

Trabalhar no estrangeiro e pedir a reforma: quem tem direito

Mesmo que já tenha regressado a Portugal, quem teve a experiência de trabalhar no estrangeiro (num ou mais países) poderá pedir uma pensão de velhice pelos anos de atividade no exterior. Se o pedido de reforma for submetido em Portugal, é encaminhado para as autoridades competentes de cada país, ou seja, as responsáveis pelo pagamento da pensão.

Mas o direito à reforma prevê-se apenas nos seguintes casos, como informa a Segurança Social:

  • Se foi um cidadão do país em que trabalhou na sua plenitude, tendo cumprido, por isso, a legislação nacional. O mesmo se aplica aos seus familiares e sobreviventes;
  • Se estiver a residir legalmente num Estado-membro da União Europeia (UE) e tiver nacionalidade de um país que não a Dinamarca, a Suíça ou de um dos países do Espaço Económico Europeu (EEE) que não integram a UE;
  • Se for apátrida ou refugiado e residir num país que preveja o pedido de reforma.

Em que país deve apresentar o pedido de reforma?

Se já regressou a Portugal, pode optar por pedir a pensão à Segurança Social portuguesa, que encaminhará o pedido ao país onde exerceu atividade anteriormente. Se, por outro lado, vive num país com o qual Portugal tenha celebrado acordo quanto à Segurança Social (listados abaixo), pode pedir a reforma diretamente à instituição competente do país em que reside ou à instituição competente do último país onde esteve a trabalhar, referindo todos os países onde exerceu atividade profissional remunerada.

Os países com os quais Portugal tem acordo são: os 27 Estados-membros da UE, juntamente com a Islândia, o Liechtenstein, a Noruega, a Suíça, a Turquia, o Reino Unido, Andorra, a Argentina, a Austrália, a Bolívia, o Brasil, Cabo Verde, o Canadá, a o Chile, El Salvador, Equador, os Estados Unidos da América, as Filipinas, a Índia, Marrocos, Moçambique, a Moldova, o Paraguai, o Peru, a República Dominicana, a Tunísia, a Ucrânia, o Uruguai e a Venezuela.

Se não vive nem viveu num destes países, com os quais Portugal tem acordo, pode apresentar, ainda assim, o seu pedido de reforma. Nesse caso, deverá fazê-lo através da página da Segurança Social Direta e, em simultâneo, dirigindo-se à instituição responsável pelo seguro de pensões do país onde reside (ou do último país onde trabalhou).

Tome nota

Se nunca trabalhou nem descontou para a Segurança Social portuguesa, mas acumula anos de trabalho no estrangeiro, deverá pedir a reforma apenas à instituição competente do último país onde exerceu atividade.

Como preparar o pedido de reforma?

Trabalhar no estrangeiro e em Portugal implica um cálculo diferente do normal quanto à reforma, bem como uma série de cuidados específicos. Se apresentar o pedido da pensão de velhice em Portugal, saiba que a Segurança Social demora cerca de 120 dias a enviar o processo para o estrangeiro. Assim, recomenda-se que prepare toda a documentação com antecedência e que o pedido seja apresentado cerca de três meses antes da data em que prevê iniciar o recebimento da pensão.

Mesmo que peça a reforma em Portugal, é conveniente informar-se sobre as regras do país onde trabalhou, com vista a melhor planear (e calcular) o seu futuro. Deve confirmar, ainda, o seguinte:

Necessidade de pedir formulários

Se há países que enviam aos trabalhadores um formulário para solicitar a pensão na aproximação da idade legal da reforma, outros há que contam com a proatividade dos trabalhadores, o que significa que terão de ser os próprios a requisitar o documento;

Existência de um mínimo de anos de descontos

Em Portugal, o prazo mínimo de contribuições para a Segurança Social é de 15 anos. No entanto, este parâmetro varia de acordo com o país;

Documentação necessária

Os documentos exigidos para pedir a reforma diferem de país para país, pelo que deverá informar-se sobre o que é necessário no seu caso (trabalhar no estrangeiro apenas num ou em mais países é um fator que também faz a diferença). Se pedir a reforma a partir de Portugal, necessita do seu documento de identificação, do cartão da Segurança Social do país estrangeiro, dos certificados de trabalho (e da sua duração) no exterior e dos formulários exigidos por lei, como o requerimento de Pensão de Velhice (RP 5068) e o Pedido de pensão à instituição estrangeira competente/invalidez e velhice (RP 5071).

Quantos anos, no total, se dedicou a trabalhar no estrangeiro

Imagine que trabalhou 10 anos em França e oito em Espanha. Cada um destes países prevê o direito à pensão de velhice após 15 anos de trabalho. Logo, nem Espanha nem França poderão alegar que não acumula tempo suficiente para se reformar. Isto porque já que não contam os anos de trabalho isolados em cada um dos países, mas antes a soma total. Assim, se trabalhou em diferentes países da União Europeia, deve somar todos os períodos de atividade para ter a certeza de quando terá direito a reformar-se.

Tome nota

Independentemente da sua situação de trabalho no passado, terá de contar com o pagamento de impostos relativamente à pensão de velhice. A maioria dos Estados-membros prevê acordos entre si para evitar a dupla tributação (ou seja, que se paguem impostos no país de residência e no Estado de onde advêm as prestações sociais), mas deverá informar-se sobre o seu caso específico para saber com o que pode contar.

Quais as idades de reforma na União Europeia?

As idades da reforma variam conforme o país, apesar de existir uma relativa homogeneidade dentro da União Europeia e de aquelas estarem a aumentar progressivamente. A título de exemplo, eis as idades de reforma de quatro países que registam uma emigração portuguesa significativa:

  • Alemanha – 66 anos
  • Bélgica – 65 anos
  • Espanha – 65 anos
  • França – 62 anos

Não trabalhou em nenhum destes países? Consulte esta página para conhecer a informação completa tanto sobre a idade de reforma e possíveis penalizações. Veja, também, os diferentes regimes em vigor, formulários e comprovativos de trabalho necessários.

Que rendimentos sociais se podem acumular com a reforma do estrangeiro?

Prevê receber outras prestações sociais além da reforma? Saiba que os subsídios de doença e de desemprego não são acumuláveis com a pensão de velhice do estrangeiro. Pelo contrário, todas estas prestações podem ser recebidas em simultâneo:

  • Pensões de invalidez, de velhice e de morte;
  • Rendimentos de trabalho;
  • Complemento de Pensão por Cônjuge a Cargo (se for anterior a 1 de janeiro de 1994);
  • Complemento por Dependência (para os pensionistas que precisam da assistência de terceiros para satisfazer as suas necessidades básicas);
  • Complemento Solidário para Idosos.

E se trabalhou fora da UE?

São diversos os países fora da UE mas no espaço europeu que têm acordos com Portugal em matéria de Segurança Social. Assim, deverá receber a pensão de velhice se trabalhou em:

  • Andorra;
  • Liechtenstein;
  • Noruega;
  • Suíça;
  • Turquia;
  • Reino Unido;
  • Islândia.

Se, no entanto, trabalhou noutro continente, saiba que também existem acordos com a Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Província do Quebeque, Chile, El Salvador, Equador, Estados Unidos da América, Filipinas, Índia, Marrocos, Moçambique, Moldova, Paraguai, Peru, Reino Unido em relação às Ilhas do Canal (Jersey, Guernsey, Alderney, Herm, Jethou e Man), República Dominicana, Tunísia, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.

Quanto se recebe?

O valor da pensão vinda do estrangeiro depende da legislação de cada país. No caso da pensão recebida pela Segurança Social portuguesa que depende da totalização do número de anos em atividade profissional, o valor é calculado de acordo com as regras previstas na legislação nacional, mas também nos acordos internacionais.

Se trabalhou em países da UE, em países do Espaço Económico Europeu abrangidos pelos regulamentos comunitários, na Suíça, Turquia ou, ainda, na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, El salvador, Espanha, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, o valor da pensão resulta da relação entre o salário médio e a duração total (em anos) da carreira de seguro cumprida em Portugal (N 1) ou noutros Estados-membros (N 2). A fórmula é a seguinte:

Pensão devida = Pensão teórica x N

Quais as obrigações do pensionista?

A par dos deveres, os titulares de pensões de velhice têm também obrigações a cumprir. Manter a morada atualizada é um deles, de modo a permitir a comunicação com as autoridades competentes, sempre que necessário. Por último, caso ocorram situações que possam afetar o direito à pensão, alterar o seu valor ou levar à interrupção do pagamento (como a atribuição de uma nova pensão, vinda do estrangeiro), os pensionistas devem comunicá-las de imediato à Segurança Social.

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