“O voluntariado vive muito do presencial”
Pelo segundo ano consecutivo, o Prémio Voluntariado Jovem Montepio teve de se adaptar às restrições causadas pela pandemia da Covid-19. Em entrevista ao Ei, o técnico do Gabinete de Responsabilidade Social da Associação Mutualista Montepio, Joaquim Caetano, considera que a experiência foi positiva, explica o projeto vencedor e ainda lança bases para a próxima edição deste projeto inovador na área do voluntariado jovem em Portugal.
Que balanço faz da 11ª edição do Prémio Voluntariado Jovem Montepio?
Um balanço bastante positivo. Para além de terem duplicado o número de candidaturas recebidas e de organizações candidatas, face ao ano anterior, o aumento da diversidade dos temas também foi enriquecedor.
Quantas entidades e projetos participaram nesta edição?
Concorreram 10 organizações e foram apresentados 15 projetos candidatos.
Quais as principais dificuldades com que se depararam em organizar esta edição?
O período de tempo decorrido entre o lançamento das candidaturas e o processo de avaliação. Quisemos conhecer, em pormenor, cada um dos projetos apresentados, por forma a construir uma grelha de análise que permitisse aos elementos do júri ficarem com uma visão consistente das candidaturas recebidas.
O tema da sustentabilidade ganhou uma grande importância nos últimos anos. Foi um ponto positivo para o projeto vencedor?
Foi um ponto bastante importante na seleção da entidade vencedora. O projeto vencedor tem como objetivo a criação de um dos primeiros jardins sustentáveis do país inserido num bairro social e a forma como as boas práticas de sustentabilidade podem influenciar a comunidade, trazendo novos recursos e desafios para enfrentar as alterações climáticas.
A nível social é importante referir que este projeto procura ser um ponto de convívio entre a comunidade sénior e a população mais jovem do bairro, pois são estes os grupos-alvo para a criação, manutenção e preservação do trabalho realizado, estando a sua sustentabilidade assegurada pela própria comunidade.
O júri foi unânime ou houve um debate aceso?
O júri foi unânime na seleção dos três projetos finalistas. Estas candidaturas, pela sua qualidade, mereceram uma avaliação muito próxima da avaliação máxima.
Sendo, naturalmente, cedo para o afirmar, será que na 12ª edição do prémio já poderemos ver um prémio com uma maior componente presencial?
Esperamos que sim. O voluntariado vive muito do presencial e este Prémio, quando foi iniciado, tinha uma componente presencial muito forte e alcançou resultados práticos bem visíveis, como foi o caso do trabalho desenvolvido no Bairro da Liberdade/Serafina (Lisboa), na Póvoa do Varzim e no Bairro Mineiro, em Gondomar.
Esperamos voltar brevemente ao contacto presencial ou, pelo menos, a um misto entre o formato digital e a presença das pessoas no terreno.
Que alterações estão a preparar para a 12ª edição deste projeto?
Uma das ideias que estamos a ponderar será a possibilidade de criar três tipos de escalões etários:
Um primeiro escalão, dos 11 aos 14 anos (e aqui numa visão mais de cidadania ativa e iniciação ao voluntariado); um segundo, dos 15 aos 18 anos; e um terceiro, dos 19 aos 25 anos.
Em termos gerais a ideia-base é baixar a idade dos jovens para apresentação de candidaturas (dos 16 para os 11 anos), procurando sensibilizar esta faixa etária para a prática do voluntariado e, por outro lado aumentar a idade máxima dos jovens, de forma a permitir a participação de jovens alunos de diferentes ciclos de ensino, que estejam a desenvolver “projetos-escola” no âmbito do voluntariado social, ambiental, cultural ou da proteção animal.
É uma ideia que carece de uma reflexão e análise profunda, mas que se encontra, desde já, no nosso radar de atuação.
Em que data regressará o projeto e que passos pode a Associação Montepio e a Fundação Montepio dar para chegar a cada vez mais interessados?
As datas previstas para apresentação de candidaturas serão entre os dias 11 de outubro e 21 de novembro de 2022. No entanto, é possível que haja um alargamento do prazo de candidatura para possibilitar a preparação atempada dos projetos por parte dos jovens e das organizações candidatas, aumentando assim o número e a qualidade dos projetos apresentados.
No ano passado, a vencedora foi a associação Akredita em Ti, da Quarteira. Já são visíveis os resultados da implementação do projeto desta associação?
A implementação do projeto tem caminhado de forma consistente, com a envolvência por parte dos moradores e da Akredita em Ti e dos apoios locais que foram integrando esta dinâmica de visão comunitária.
Há dois anos confessou-nos que gostava que os jovens recuperassem o gosto pela leitura. Tem sentido isso nestes projetos?
É um sonho que gostava de ver concretizado, até porque sou um leitor assíduo e inconformado. O hábito da leitura está um pouco arredado dos mais jovens, infelizmente direi eu, mas penso que faz falta criar novos hábitos de leitura continuados e de forte inspiração. Sendo nós um país de poetas e escritores, porque não incentivar esse hábito nos mais novos?
É um sonho que gostava de realizar. Vamos ver se conseguimos contribuir para a sua concretização.
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