Finanças do casal: Dicas para evitar conflitos
Num casamento o ideal é ter três contas. Para Susana Albuquerque, Gestora da ASFAC (Associação de Instituições de Crédito especializado), esta é a fórmula ideal para uma gestão das finanças do casal à prova de conflitos. Em entrevista à Revista Montepio, a autora portuguesa de gestão financeira revela mais estratégias para que o dinheiro deixe de ser um problema no seio familiar.
Há uma estratégia ideal para a gestão das finanças do casal?
Sim, o ideal é ter três contas. Uma para despesas comuns, alimentada pelos dois (quando ambos trabalham), e outras duas contas individuais separadas. Este é, sem dúvida, o modelo ideal. Já foi alvo de muitos estudos e reflexões e é o mais eficaz. Mas se o casal funciona com qualquer outro modelo, ótimo.
Existe algum modelo a evitar que seja gerador de conflitos?
O modelo de uma conta única, para o casal, é o que tem mais riscos. Em casais que se separaram há casos em que um dos cônjuges barrou totalmente o acesso à conta ao outro membro do casal. Infelizmente, isto é muito mais comum do que se prevê.
O dinheiro é uma das principais causas para o divórcio…
Sim. É a segunda causa declarada para os divórcios em Portugal. E está a caminho de ser a primeira.
Porquê?
Muitas das discussões não são só por causa do dinheiro. Se o marido ou a mulher fazem um comentário, muitas vezes com tom crítico – “por que é que gastaste tanto dinheiro neste almoço?” ou “esta peça de roupa foi tão cara” –, normalmente esse comentário não é apenas sobre o dinheiro em causa. O que está na génese da discussão é o facto de perceber que o outro não escutou uma determinada necessidade emocional, não respeitou uma preocupação que se reflete no dinheiro. É, normalmente, muito mais do que só dinheiro.
Que conselho dá aos casais para que o dinheiro deixe de ser uma causa de desgaste?
Uma dica que funciona é tirar tempo para só para falar de dinheiro. Vamos fazer contas, definir objetivos. (E resistir a misturar sentimentos com contas.) Um mês depois, voltamos a falar uma hora sobre o assunto. Esse diálogo tira muita carga negativa ao assunto “dinheiro”, uma vez que o torna mais objetivo. Temos de verbalizar, tomar consciência. Até porque tratar das finanças do casal é proteger as nossas necessidades pessoais. É preciso tirar um momento em casal só para falar de dinheiro.
Porque existe tanto pudor em falar abertamente de dinheiro?
Dinheiro representa poder e controlo emocional. Existe pudor em falar sobre dinheiro porque ainda associamos o que valemos ao que ganhamos e onde gastamos o dinheiro. Confundimos o que temos com o que somos.
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