Prémio de Voluntariado Jovem Montepio: ACAPO liga o YouTube no Centro Ocupacional da Lapa
A equipa da ACAPO chegou à Póvoa de Varzim sem grandes expectativas, mas acabou o segundo dia da competição em grande felicidade, que contagiou o resto da plateia.
Concebido por Eduardo, Filipa e Denilson, o projeto “Lapa na Rede”, um canal de YouTube que reúne os utentes do Centro Ocupacional da Lapa e aproxima-os de gerações mais novas, recebeu o prémio depois de uma deliberação do júri em tempo recorde: não levou mais de 15 minutos.
No final, Iolanda Silva, relações públicas da ACAPO que acompanhou a equipa nesta iniciativa, dizia ao Ei que estava “sem palavras”. “Não tínhamos qualquer expetativa. Vínhamos para participar numa atividade, para usufruir, fazer novas amizades, ser felizes”, realçou a responsável.
Iolanda Silva diz que se deu conta da “evolução” dos membros da equipa ao longo do trabalho, assim como do “sentimento de pertença e toda a entrega que houve por parte das pessoas” que participaram direta e indiretamente na iniciativa.
“Eles são pessoas completamente capazes, procuramos sempre integrar, como um grupo normal, as ideias de todos”, revelou a relações públicas da ACAPO.
YouTube no Centro
A ideia do grupo, apresentada através de um pequeno teatro, surgiu quando, durante os trabalhos de diagnóstico, os jovens se aperceberam que havia pouco contacto entre as duas comunidades do Centro: os homens jogam às cartas, enquanto as senhoras optam por outras atividades.
“Foi uma ideia baseada na separação que há entre homens e mulheres, uma questão cultural. Queremos juntar as pessoas na partilha de ideias e histórias”, contou Eduardo Rito, 24 anos, um dos elementos da equipa.
Os jovens da ACAPO pretendem, com este projeto, que os dois grupos de utentes do Centro possam realizar atividades em comum, para valorizar as e potenciar a aproximação de gerações através do uso de tecnologias. A ligação das “redes” de pesca, típicas da comunidade piscatória da Póvoa, à “rede” tecnológica (a Internet) também foi um dos pontos que ajudaram a desenvolver a ideia.
“Começámos por perceber que havia aqui uma barreira arquitetónica, porque a sala dos homens está num lado e a das mulheres noutro”, explicou, por sua vez, Iolanda Silva. A equipa procurou “pontos de contacto”, segundo a relações públicas da ACAPO, como “o facto de eles gostarem de falar de coisas antigas, de partilhar tradições”. Começaram, por isso, a enveredar pelo caminho do digital para envolver os jovens e chegaram “ao YouTube: “Os youtubers estão muito na moda”, concluiu.
No final, o balanço não podia ser melhor. Filipa Bernardes, uma das jovens da equipa, confessou que “estava convicta” de que a equipa tinha “um bom projeto, apesar de os outros grupos terem trabalhado bem”.
Já Denilson Gomes, o terceiro elemento da ACAPO, referiu que trabalharam “muito bem em equipa”.
Manuel Baptista, administrador do Montepio Crédito e um dos elementos do júri, explicou a escolha. “Os quatro projetos eram interessantes. Este era o que se integrava mais com a população e a junção entre o que são aspetos culturais e a sua relação com as comunidades”, explicou. Durante o debate para escolha do vencedor, aliás, este foi o aspeto mais salientado, de acordo com o responsável.
Um desafio a caminho
O resultado da 9.ª edição do Prémio Montepio Voluntariado Jovem determina que, em 2020, será a ACAPO a receber a organização do prémio. Fernanda Morais, que acompanhou a equipa, referiu que a 10.ª edição “vai ser um desafio e uma incógnita”, uma vez que a ACAPO é nacional e todas as outras instituições têm a sua localização num sitio. “Isto significa que terá que ser escolhido um local de intervenção”, argumentou. Ainda assim, a responsável confessa que “adorava” que a convidassem para o ano. “Nós ganhamos mais do que damos: a nível de trabalho, emocional… Só ganhamos”, destacou.
Joaquim Caetano, do Gabinete de Responsabilidade Social da Associação Mutualista Montepio, acredita que “o décimo [prémio] vai ter que ser mesmo marcante”, sendo que, “provavelmente”, não será realizado nem no Porto nem em Lisboa”. Porém, acrescenta, a decisão final ainda não está tomada.
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