Argusrecycling, o projeto amigo do ambiente que muda vidas (e a sociedade)

Criado em 2017 pela Unidade Funcional de Arganil da APPACDM de Coimbra, o projeto Argusrecycling voltou a vencer o programa FACES, da Fundação Montepio. Saiba mais sobre este projeto social: missão, objetivos e planos para o futuro.
Artigo atualizado a 22-10-2019

O projeto Argusrecycling foi um dos vencedores da edição de 2019 do programa de Financiamento e Apoio para o Combate à Exclusão Social (FACES), da Fundação Montepio. Esta é a segunda vez que a iniciativa da Unidade Funcional de Arganil da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra recebe este prémio. A primeira vez foi em 2017, na primeira edição do FACES.

Para Olga Coelho, coordenadora da Unidade Funcional de Arganil da APPACDM de Coimbra, a dupla atribuição deste prémio “representa o reconhecimento público do grande valor que este projeto tem para o desenvolvimento de uma sociedade mais inclusiva e que sabe acolher, no seu seio, as minorias mais desfavorecidas, potenciando as suas capacidades.”

Preservação do meio ambiente: a alavanca para inclusão social

Promover a inclusão social de cidadãos com deficiência intelectual ou em situação de exclusão social do concelho de Arganil, aproximando-as ao mercado de trabalho, e resolver os problemas ambientais locais, unindo a comunidade. Esta é a missão do projeto Argusrecycling.

“Ao pensarmos neste projeto, partimos da constatação de que existem constrangimentos associados à inclusão social de pessoas com deficiência intelectual ou em situação de exclusão social no concelho de Arganil. Simultaneamente, constatámos dificuldades por parte da autarquia arganilense em atingir metas nacionais de redução de resíduos e reciclagem”, explica Olga Coelho, em declarações ao Ei.

“Com este projeto, estamos a trabalhar para minimizar estas duas dificuldades. Simultaneamente, criamos condições para que os nossos utentes e os jovens com deficiência intelectual em idade escolar possam enveredar no mundo do trabalho de uma forma natural. Fazemo-lo através de atividades socialmente úteis e planos de transição para a vida pós-escolar, associados à economia circular”, acrescenta a responsável.

Sensibilizar, recolher, separar e valorizar

O projeto Argusrecycling desenvolve-se em quatro eixos de ação. Um deles consiste em sensibilizar a comunidade para necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar produtos. Os outros três compreendem a recolha, separação e valorização de resíduos recicláveis (papel, cartão, plásticos, embalagens e lixo eletrónico), para posterior venda a empresas operadoras de gestão de resíduos. Em todas estas atividades, as pessoas com deficiência intelectual ou em situação de exclusão social têm um papel preponderante.

Dois anos de Argusrecycling

Desde a criação do projeto Argusrecycling, em 2017, foram desenvolvidas diversas ações de sensibilização e reuniões com empresas, agrupamentos de escolas, outras IPPS do concelho e juntas de freguesia, com a intenção de dar a conhecer a pertinência do projeto e dos seus valores. Esta intervenção junto da comunidade resultou em mais de 30 parcerias, segundo Olga Coelho.

“No último ano aumentou o número de parceiros, que para além do fornecimento de materiais recicláveis, disponibilizaram outros bens e serviços”, sublinha a responsável.

A Unidade Funcional de Arganil da APPACDM de Coimbra tem vindo a ser solicitada para integrar outros projetos sociais, fruto do bom desempenho demonstrado. “Estamos atualmente integrados em projetos do agrupamento de escolas de Arganil, tendo como orientação os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU (2016-2030)”.

Mais recentemente, adianta Olga Coelho, foi celebrado um protocolo com a ERSUC, que prevê a atribuição de competências à APPACDM de Coimbra na divulgação e sensibilização ambiental junto da comunidade arganilense e uma contrapartida monetária pelos materiais recicláveis recebidos e recolhidos.

PPRUVA, a parceria que se segue

No futuro, a APPACDM de Coimbra irá trabalhar, como parceiro estratégico, no projeto da autarquia de recolha seletiva porta-a-porta de resíduos urbanos valorizáveis em Arganil (PPRUVA). Com este sistema de recolha mais eficiente e próximo dos munícipes, a autarquia espera reduzir a quantidade de resíduos depositados em aterros sanitários e aumentar a quantidade e qualidade dos materiais recolhidos. Para minimizar a pegada de carbono associada a este sistema de recolha, as rotas serão otimizadas e passarão a ser percorridas por veículos elétricos. “Seremos pioneiros na inclusão de pessoas com deficiência intelectual em circuitos com carros elétricos de recolha seletiva”, congratulou-se Olga Coelho.

Todos ganham e o ambiente agradece

Com o projeto Argusrecycling, as empresas, as escolas e as associações encontraram uma forma de reduzirem os custos inerentes à expedição de resíduos recicláveis, tornando os seus espaços de trabalho mais limpos e amigos do ambiente. Também a  autarquia tem melhorado as suas metas de redução de resíduos e reciclagem e, simultaneamente, reduzido os custos próprios do transporte e escoamento dos materiais recicláveis.

Por último, a integração dos utentes com deficiência intelectual nestas atividades socialmente úteis permiti-lhes auferir uma gratificação mensal pelas tarefas desenvolvidas, de acordo com o tempo despendido e a avaliação da execução das tarefas.

“Este projeto permitiu algo de muito valioso: que a pessoa com deficiência intelectual tenha uma identidade laboral e um sentimento de pertença. Com efeito o utente da APPACDM já não se define “como o aluno da escola da APPACDM”, mas “como o trabalhador do papelão”, sublinha Olga Coelha.

“Os utentes valorizam ir para o exterior, trabalharem a par com os funcionários da câmara, entrarem nas empresas e falarem com os responsáveis para levar o papelão ou o plástico. O facto de a câmara se ter lembrado de se candidatar às viaturas elétricas e convidar estas pessoas para integrarem estes circuitos traduz-se numa mudança de mentalidades da sociedade. Isto é verdadeira Inclusão. Isto é reduzir a pegada ecológica e lutar pela preservação ambiental”, conclui a responsável.

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