Quais as principais diferenças entre a economia social e economia tradicional?

“Participativa e colaborativa na sua essência, a economia social pode produzir um desenvolvimento económico inclusivo”, afirma a OCDE sobre a economia social. Mas, afinal, o que distingue a economia social e economia tradicional?
Artigo atualizado a 20-12-2018

Entre o setor público e a economia tradicional privada, a economia social afirma o seu espaço de pleno direito. Apesar de partilhar alguns dos propósitos do setor público, a economia social assume também atividades e serviços económicos – tal como a economia tradicional –, embora sem fins lucrativos. Do tipo de organizações à avaliação de desempenho, descubra as principais diferenças entre a economia social e economia tradicional.

 4 diferenças entre a economia social e economia tradicional

 1. Diferentes entidades

Enquanto a economia tradicional é composta por empresas privadas, o setor da economia social ganha vida com uma rede complexa de diferentes entidades. De acordo com a rede internacional de investigação EMES, consideram-se organizações da economia social as seguintes entidades:

  • Cooperativas;
  • Mutualidades;
  • Associações
  • Fundações,
  • Empresas sociais;
  • Entidades voluntárias não lucrativas, que prestem serviços para as famílias (sem ser em lógica de mercado).

2. Diferentes propósitos da economia social e economia tradicional

Uma vez que a economia social é composta por organizações sem fins lucrativos, há também uma diferença essencial em relação ao propósito. Enquanto as empresas da economia tradicional têm como objetivo gerar lucros, as organizações da economia social têm o propósito de beneficiar a comunidade.

Não quer isto dizer que as empresas não tenham preocupações sociais e comunitárias, mas esse não é o seu principal foco.  O propósito social também não invalida que as organizações da economia social devam procurar a sua saúde financeira e a sustentabilidade. Até porque a sustentabilidade é um suporte à concretização do seu propósito social, ao longo do tempo.

3. Diferentes formas de decisão

Enquanto que, numa empresa, todas as decisões são tomadas pelos sócios, gestores ou conselho de administração (no caso de uma sociedade anónima), o mesmo não acontece numa organização da economia social.

Na economia social, privilegia-se uma natureza democrática e participativa. Ou seja, há um controlo democrático da atividade da organização por parte dos seus membros, com um contínuo prestar de contas por parte da direção. A exceção são as fundações, que não têm sócios.

4. Diferentes avaliações de desempenho

Uma vez que o objetivo da economia social e economia tradicional é distinto, também existem diferenças na forma de avaliar os resultados e sucesso das organizações em cada um destes sectores.

Nas empresas da economia tradicional, uma das formas de avaliar o desempenho é calcular o ROI (return on investment). Isto é a taxa de retorno sobre o investimento. Desta forma, é possível perceber a relação entre o investimento feito e os rendimentos daí resultantes. É, por isso, uma métrica indispensável para avaliar o sucesso financeiro de cada investimento.

No entanto, quando o objetivo de uma organização não é o lucro, os indicadores da economia tradicional acabam por não ser adequados para avaliar o seu desempenho. Por isso, estas entidades recorrem, cada vez mais, a outro tipo de ferramentas de avaliação do impacto social.

O SROI (social return on investment) é um dos indicadores usados, porque avalia, exatamente, o retorno do investimento em projetos sociais. Ou seja, permite quantificar (em euros, por exemplo) as mudanças sociais e ambientais trazidas pelas organizações.

 

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