Preparar a reforma: “O dia ideal para começar é hoje”

Qual é a idade certa para começar a preparar a reforma? Os autores do livro “Viva uma Reforma Feliz” explicam-lhe como assegurar uma reforma de qualidade.
Artigo atualizado a 14-03-2017

“A poupança para a reforma pode não só servir para este fim como, também, para alguma emergência grave”, alertam João Morais Barbosa e Luís Alvarenga. Relativamente ao montante a poupar mensalmente para preparar a reforma, os autores defendem que o importante é “procurar poupar sempre alguma coisa”. Quando se procura uma solução de poupança para a reforma, é importante ter em consideração: os objetivos para aquela fase da vida, a qualidade da sociedade gestora e o nível de risco, que deve ser adequado ao perfil de cada um.

João Morais Barbosa

Quais devem ser os critérios a ter em conta quando se seleciona uma solução de poupança reforma?

Os nossos objetivos, o nível de risco ou a qualidade da sociedade gestora. Devemos escolher um produto com um nível de risco adequado ao nosso perfil. Mas com algum risco. Investir em produtos que nos possibilitem reforços periódicos e em que não nos são cobradas comissões de subscrição. Finalmente, devemos apostar em produtos que sejam eficientes em termos fiscais.

No livro “Viva uma Reforma Feliz” recomendam a constituição de outros dois fundos: um de emergência e outro para as despesas do dia-a-dia. Quanto se deve reservar para cada um?

O fundo de emergência deverá ser a principal prioridade de toda a gente. Acumular parte de um património que nos permita passar por qualquer dificuldade ou situação impossível de prever (se bem que é possível prever que vamos ter emergências… só não sabemos quando, nem a sua magnitude). Neste contexto, e dependendo da nossa estrutura familiar, poderemos considerar ter o equivalente às despesas de 5-7 meses.

Como planear?

Conheça 5 regras de ouro para garantir uma reforma tranquila e de qualidade

A lógica apresentada no livro é simples. Defendemos que a carteira de investimentos deve ser protegida para que não tenhamos de levantar esses valores para fazer face a despesas do dia-a-dia ou a emergências. Daí que seja importante distinguir as contas, segregando-as… também porque cada uma terá um perfil de risco e liquidez distinto.

Existe hoje uma maior perceção quanto à necessidade de preparar a reforma?

Infelizmente, não existe esta perceção. As pessoas têm a noção de que o sistema público de reformas não irá assegurar aquilo que estariam à espera. Mas, como por norma falamos de poupar para o longo prazo, consideramos sempre que ainda temos tempo. E esquecemo-nos que, quanto mais cedo começarmos a poupar, mais fácil será atingirmos os objetivos (por outras palavras, menores serão os sacrifícios que nos serão exigidos).

Os portugueses estão preparados para escolher produtos financeiros de complemento à reforma?

Por norma, os portugueses optam por produtos isentos de risco. No entanto, quem investe para o longo prazo deverá procurar produtos com risco, na medida em que tem mais tempo para obter o retorno esperado (como sabemos, produtos com mais risco tenderão a trazer retornos superiores). Mas o desconhecimento é ainda grande…

Quando é que se deve começar a preparar a reforma? Existe uma idade ideal para começar a poupar para aquela fase da vida?

Devemos começar a poupar o quanto antes. Isto porque a poupança para a reforma pode não só servir para este fim como, também, para alguma emergência grave. Assim, mais vale termos o dinheiro poupado do que estarmos a utilizá-lo para outros fins. Dizemos que o dia ideal para começar a poupar é hoje. Um caso ajuda-nos a exemplificar, assumindo 4% de retorno. Se o meu objetivo for acumular 45 000 euros e se tiver 35 anos para poupar, basta-me fazer um investimento mensal de 50 euros. Se começar a poupar 10 anos depois, terei de poupar todos os meses 88 euros… quase o dobro.

Qual a percentagem do salário que deve ser destinada à constituição de um fundo para preparar a reforma?

Não gostamos muito de generalizações, pois existem inúmeros fatores a ter em conta, nomeadamente a nossa idade atual, a idade de reforma e o património que já temos atualmente. Por exemplo, tendemos a desconsiderar a nossa habitação própria permanente como um investimento. Mas um dos melhores investimentos que podemos fazer consiste em amortizar o nosso crédito à habitação, antes de nos reformarmos.

Poupança

«Devemos procurar poupar sempre alguma coisa. Começar com menos e irmos aumentando o valor poupado na medida em que tal for possível»

Um outro fator a ter em conta prende-se com as nossas condições de vida atualmente e com as taxas de juro de mercado. Muitas pessoas não conseguem o mínimo de subsistência, quanto mais pensar em poupar para a reforma. Infelizmente, as taxas de juro atuais não incentivam a poupança, o que acaba por levar as pessoas a pensar que, às tantas, vale mais a pena gastar o dinheiro. O que defendemos, finalmente, é que devemos procurar poupar sempre alguma coisa. Começar com menos (e garantir que cumprimos o nosso plano) e irmos aumentando o valor poupado na medida em que tal for possível, mas sempre sendo exigentes.

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