Quanto tempo posso viver com as poupanças para a reforma?

As suas poupanças para a reforma devem durar cerca de 30 anos. Saiba se está no bom caminho ou deverá fazer ajustes para garantir as despesas que conta vir ter quando deixar de trabalhar.
Artigo atualizado a 21-08-2024

Poupar para a reforma é uma tarefa que exige planeamento. Há muitas incertezas pela frente, mas quanto mais cedo começar a pensar no assunto, maiores são as probabilidades de usufruir de dias tranquilos quando deixar de trabalhar e viver dos rendimentos e da sua pensão.

Preparado para começar?

Independentemente da sua idade atual, deve começar o quanto antes a acumular poupanças para a reforma. Quanto mais cedo o fizer, mais dinheiro amealhará até à idade da reforma sem necessitar de colocar de parte uma fatia considerável do seu salário nos últimos anos da vida laboral.

Para o seu plano ser bem-sucedido, deve reunir o maior número de informações sobre o tema. Um dos pontos fundamentais passa por saber quanto tempo consegue viver com as poupanças que vai acumular até ao dia em que se reformar. Ter uma ideia aproximada deste valor vai ajudá-lo a perceber se é necessário ajustar o seu plano de poupança para a reforma, nomeadamente no nível de risco.

É neste ponto que vamos focar este artigo. Quanto tempo pode viver com as poupanças para a reforma? Ou dito de outra forma, quanto tem de poupar para garantir que o dinheiro amealhado é suficiente para viver uma reforma longa e descansada. A resposta não é fácil de apurar, devido sobretudo ao elevado número de diferentes fatores que afetam a longevidade das suas poupanças: taxas de juro, inflação, retorno dos investimentos, custo de vida ou esperança de vida.

Sabe qual o ano, mês ou até o dia em que se vai reformar? Seja dentro de 10, 15 ou 20 anos, o que hoje é uma certeza pode transformar-se num ponto de interrogação dentro de meses. O Ei – Informação e Educação publica regularmente artigos ligados ao tema da reforma. Siga-os neste link e assegure-se que está atualizado em relação às mais recentes leis, dicas e novidades sobre este tema tão importante.

Defina objetivos e comece a fazer contas

Antes de começar a fazer contas, é essencial ter uma ideia de qual será o valor da pensão quando se reformar e as penalizações que pode sofrer se optar por antecipar o fim da vida ativa. Para tal, a Segurança Social disponibiliza um simulador de pensões bastante completo, que lhe dá informações sobre o valor estimado da sua pensão e também o ajuda a decidir sobre o momento da aposentação, tendo em conta as bonificações e penalizações aplicáveis.

Também convém estar a par da idade da reforma. Em 2024, é de 66 anos e quatro meses, mas em 2025 será de 66 anos e sete meses. Este avanço reflete ao aumento da esperança de vida aos 65 anos, para 19,75 anos.

Depois de conhecido o valor da pensão, avalie se é suficiente para, quando deixar de trabalhar, fazer face às suas despesas (alimentação, vestuário, saúde, prestações de crédito, momentos de lazer, etc.).

Consegue chegar a um número para estas despesas? Então é possível avaliar quanto tempo vão durar as suas poupanças. Há um método de cálculo relativamente simples, que deve ser o primeiro ao qual deve recorrer. Some todos os rendimentos (sem contar com a pensão de reforma) e poupanças que estima ter acumulado no dia em que espera deixar de trabalhar e divida pelas despesas anuais que prevê assumir nessa altura (se a pensão não for suficiente para as despesas correntes, acrescente aqui esse valor). O resultado corresponde ao número de anos previsível que as suas poupanças vão durar.

Exemplo

O João tem 45 anos e estima ter uma poupança acumulada de 150 mil euros quando se reformar, aos 65 anos. Fez as contas e prevê uma despesa de 9 000 euros por ano (750 euros por mês) quando deixar de trabalhar. As poupanças vão durar 16,6 anos, ou seja, terminam antes de o João celebrar o seu 82.º aniversário. Realçamos que este cálculo não tem em conta a pensão que o João receberá após deixar a vida ativa.

750 x 12 = 9 000 euros / ano

150 000 / 12 000 euros = 16,6 anos

Tome nota

É difícil imaginarmos a nossa vida a 20 ou 25 anos de distância. Assim, este é o cálculo possível, uma vez que:

  • Não prevê aumentos salariais;
  • Não prevê que o dinheiro possa ficar aplicado no pós-reforma;
  • Não prevê outros fatores e imponderáveis da vida.

Ainda assim, é um cálculo que fornece, à partida, uma ideia geral sobre se está a poupar o suficiente e qual o nível de vida que pode contar na reforma.

A regra dos 4%

Existem métodos mais eficazes e próximos da realidade para avaliar quantos anos pode viver com as suas poupanças. Os especialistas aconselham que esse horizonte temporal seja de 30 anos. Em Portugal, a esperança média de vida após a idade da reforma é ligeiramente inferior a 20 anos, mas será prudente um prazo mais longo. Para garantir que as suas poupanças duram 30 anos, recorra à regra dos 4%. Um método criado pelos economistas Philip L. Cooley, Carl M. Hubbard e Daniel T. Walz em 1998 e que tem provado garantir uma elevada probabilidade de o dinheiro não se esgotar até ao final da sua vida.

O objetivo passa por, no primeiro ano da reforma, gastar 4% do total das poupanças e deixar o resto do dinheiro aplicado. Para manter o nível de vida, no ano seguinte deve ajustar a prestação à inflação, fazendo o mesmo procedimento todos os anos.

Exemplo

Partindo do exemplo acima, e assumindo uma inflação de 2%, no primeiro ano da reforma o João deve retirar 6 000 euros para as suas despesas, no segundo ano 6 120 euros e no seguinte 6 242 euros. Para chegar a estes valores, o João fez as seguintes contas:

1.º ano

150 000 euros x 4% = 6 000 euros

2.º ano

6 000 euros x 2% (valor da inflação) = 120 euros

6 000 euros + 120 euros = 6 120 euros

3.º ano

6 120 euros x 2% (valor da inflação) = 122 euros

6 120 euros + 122 euros = 6 242 euros

A inflação pode aumentar e diminuir, pelo que o João vai ajustar este número para saber a quantia que necessita, a cada ano, como complemento à sua reforma.

Neste método, o segredo passa por manter investido o montante da poupança que não é utilizado. Deste modo, o reformado terá um rendimento que compensa, ainda que parcialmente, a retirada de uma prestação mais elevada todos os anos. Dado ser um investimento de longo prazo, o João deverá assumir algum risco e constituir uma carteira equilibrada com uma posição relevante em ações, o ativo que historicamente gera as rendibilidades mais elevadas.

Se o João conseguir chegar à reforma com 150 mil euros e o dinheiro for aplicado com um retorno médio real (descontado da inflação) de 2%, as suas poupanças vão durar quase 35 anos. Se a taxa de retorno real for apenas de 1%, o dinheiro que o João poupou esgota-se ao fim de 29 anos.

Assumindo que as suas poupanças terão uma taxa de rendibilidade de 3%, o João pode retirar 650 euros todos os meses e, ainda assim, as poupanças duram os mesmos 29 anos. Estes são meros cenários, que terá de ajustar à sua realidade, mas mostram como é importante manter o dinheiro investido mesmo depois de entrar na reforma, para garantir que as poupanças duram mais tempo, ou até para aumentar o valor que pode gastar todos os meses.

Poupar mais todos os meses faz a diferença

Este exercício é ainda importante caso, após efetuar estes cálculos, tenha chegado à conclusão de que o valor que está a planear acumular quando chegar à reforma não é suficiente para fazer face às despesas que conta ter quando deixar de auferir um salário todos os meses (e receber uma pensão que, certamente, será mais reduzida).

Aqui, tem duas opções:

  • Baixa as expectativas para o nível de vida que pretende na reforma;
  • Maximiza o valor que pretende acumular quando chegar à reforma.

Seguir por esta última via será bem mais agradável. Tudo depende de começar a poupar de forma mais agressiva desde já e/ou aplicar as poupanças atuais da melhor forma. Pode fazer toda a diferença e nem é preciso que o esforço seja considerável.

Exemplo

Voltando aos exemplos acima, se o João optar por guardar para a reforma mais 30 euros todos os meses (200 euros em vez de 170 euros), chegará aos 65 anos com perto de 162 mil euros. Esta diferença possibilita retirar 600 euros todos os meses da sua poupança reforma e garantir que aquela dura 30 anos (assumindo a mesma taxa de rendibilidade média anual de 2% pós reforma).

 

 

Risco mais elevado potencia poupança

A outra possibilidade passa por o João assumir um risco mais elevado na aplicação das poupanças que está a realizar para reforma, uma escolha que pode fazer sentido tendo em conta que ainda faltam 20 anos para deixar de trabalhar. Se a carteira de investimento do João render 3,7% ao ano (em vez dos 3,2% que assumidos no início) e todos os outros pressupostos forem iguais, quando tiver 65 anos o João terá amealhado 163 mil euros (e não 150 mil). A diferença permite retirar 600 euros todos os meses e manter a perspetiva de a poupança durar 30 anos.

Várias opções, a escolha é sua

Cada caso é um caso e só o João saberá quanto pode poupar, o risco que está disposto a assumir e quanto necessita por mês quando chegar à reforma. Mas com estes exemplos fica bem evidente a importância de planear bem a sua poupança para a reforma e como as escolhas que tomar podem ter uma influência relevante no seu nível de vida quando deixar de trabalhar. Existem várias ferramentas disponíveis para fazer as suas contas. Escolha a que mais se ajusta ao seu perfil e capacidade financeira.

 

Nada é mais importante que si próprio (e a sua família)

Há uma razão para que a modalidade mutualista Montepio Poupança Reforma possa ser subscrita por associados de qualquer idade. Nunca é cedo demais para pouparmos para os anos dourados. Ainda assim, esta modalidade é mais adequada para os associados em idade ativa, que podem destinar uma percentagem do seu salário para entregas programadas ou periódicas. A modalidade Montepio Poupança Reforma apresenta um histórico de valorização acima da taxa de inflação e constitui um complemento de reforma importante para os anos vindouros.

Outro dos benefícios da modalidade Montepio Poupança Reforma é a sua equiparação ao regime fiscal dos PPR.

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